quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crateras nas estradas


A BR-060, que liga Brasília a Goiânia, encontra-se interditada em virtude da abertura de uma cratera de mais de 50 metros de extensão e 40 de profundidade. O tráfego foi interrompido e será desviado para a BR-070 com um acréscimo de 45 km no percurso.

Próximo a virada do ano, quando o volume de tráfego aumenta, ocorre o fechamento da rodovia. Diversas rachaduras que surgiram no local demonstram que o problema está relacionado à falta de estabilidade do talude e serviços de drenagem na área.

São várias as consequências dessa interdição. Primeiro, perda de tempo, maior consumo de combustíveis, prejuízos para o turismo, interrupção do transporte de pessoas e de cargas. Segundo, a BR-070 que vai servir de desvio, enquanto o outro lado da pista não puder ser utilizado, terá um acréscimo no volume de tráfego, o que pode provocar uma redução no tempo de vida dessa rodovia.

É incrível como o Brasil, através do DNIT e dos Departamentos de Estradas de Rodagem dos Estados, não consegue implantar um sistema de gerenciamento de estradas, que possa prever e corrigir a tempo possíveis ocorrências. Seria muito mais econômico para o país, estados e municípios.

Agora, com a interrupção da BR-060, os gastos com a reconstrução serão bem maiores. Em virtude da emergência haverá uma dispensa de licitação e ordem de serviço, para que uma empresa execute a obra e resolva o problema.

Em pleno século XXI, com o país precisando aumentar os níveis de competitividade, reduzir o “custo-brasil”, fatos como esse são uma constante. Desde 1950 os norte-americanos identificaram que é mais econômico implantar sistemas de gerenciamento e manutenção do que proceder restauração e reconstrução.

O Brasil, até hoje, apesar de ser um país que priorizou o transporte rodoviário, nunca colocou em prática um sistema de gerenciamento eficaz de rodovias. E não falta dinheiro para tal. Falta visão, decisão política e competência gerencial.
Tecnicamente, profissionais e empresas estão preparados para criar e executar os sistemas com os recursos tecnológicos e de informática disponíveis.
Edinaldo Marques
Engenheiro Civil, Professor e Consultor

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Quanto vale o tempo?


O tempo é uma das coisas mais importantes da nossa vida, mas pouca atenção nós damos a ele. Jamais conseguiremos gerenciá-lo, pois se fizermos algo ou deixarmos de fazer, ele passará. Porém, é possível nos organizarmos para fazermos aquilo que julgamos ser prioridade. Isto é fator decisivo para o sucesso de todo e qualquer profissional.

Os executivos, por exemplo, vivem mergulhados em problemas que precisam de decisão e o tempo para eles passa a ser um fator essencial para o crescimento de seus negócios.

Porém, há outra coisa que não podemos desprezar, pois é tão importante quanto o tempo. Trata-se de nossa "bússola interior", que precisa ser consultada e analisada a todo instante, para verificarmos se estamos realmente certos da direção escolhida.

Os compromissos, as reuniões, os horários, as metas e as atividades são fatores que dependem do relógio. Já a "bússola interior" representa a nossa visão, valores, princípios, missão, consciência e direção.

De que adianta estarmos numa estrada dirigindo muito bem e vencendo distâncias, se ao chegarmos ao final do caminho, verificarmos que não é aquele local que pretendíamos chegar? Ou seja, podemos dirigir com uma velocidade maior, gastar menos tempo, mas ainda assim não alcançaremos o objetivo principal.

Portanto, na luta diária entre a "bússola interior" e o relógio precisamos focar os dois, simultaneamente. A cada instante, verificar, primeiro se o caminho que estamos percorrendo é a direção que realmente queremos. Segundo, se a direção estiver correta, quanto mais rápido cumprirmos com as nossas metas melhor para as nossas vidas.

Edinaldo Marques
Engenheiro Civil, Professor e Palestrante
www.twitter.com/edinaldomarques

Como preparar a geração do futuro?


Precisamos refletir com muita responsabilidade sobre o Brasil do futuro, projetar nossa visão e adotar as ações necessárias, que modificarão os resultados sociais, culturais e econômicos hoje identificados.

Com esse foco, as gerações Y – pessoas nascidas entre os anos 80 e 90, cujos mais velhos estão chegando aos 25 anos, e Z – nascidos a partir de 91, deveriam ser mais bem educadas.

Atualmente, a vida dos adolescentes não é um parque de diversões. Muito pelo contrário! O que vemos é uma espécie de selva, com decisões difíceis, pressões dos colegas, insegurança pessoal, maus exemplos e falta de orientação correta dos pais e mães, ansiedade em relação ao que os outros irão pensar. Além disso, sentimentos diversos se manifestam como depressão, inferioridade, comparações e outras atitudes autodestrutivas, como pornografia, vandalismo, drogas e gangues. Como mudar isso?

Primeiro, é necessário preparar os educadores em nível do ensino fundamental, médio e superior, para que mostrem a relação de causa e efeito que existe sobre o pensamento. Quando as crenças destrutivas das pessoas são mudadas, mudam-se as expectativas. Quando mudamos a atitude, mudam-se os comportamentos. Em consequência, mudam os desempenhos e a vida.

É preciso que jovens e adolescentes aprendam como aplicar princípios comportamentais de sucesso em situação difíceis e em tomadas de decisão. Existem hábitos eficazes que necessitam ser incorporados pelas pessoas, para que elas possam conseguir maior controle de suas vidas, melhorar seus relacionamentos com amigos e família, aumentar a autoconfiança e autoestima, tomar decisões mais inteligentes, conhecer seus valores, e o que mais importa, reconhecer e priorizar metas, encontrar equilíbrio entre a escola, trabalho e amigos.

Sete princípios deveriam ser conhecidos e praticados: ser responsável pela própria vida, definir missão e metas na vida, priorizar e fazer primeiro o mais importante, ter a atitude de que “todos podem ganhar”, ouvir as pessoas atentamente, trabalhar junto com outras pessoas para conseguir mais, renovar-se regularmente – cuidar do corpo (saúde física), mente (saúde mental), coração (saúde emocional/social) e espírito (saúde espiritual).

A saúde física é garantida através de uma alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, tempo correto de descanso. A saúde mental é cultivada com muita leitura, visualização, planejamento e escrita. A saúde emocional/social é conquistada através dos relacionamentos corretos, empatia, ajuda. A saúde espiritual é aquela em que cada um deve buscar a clareza de valores, através de estudo e meditação.

Na vida real existe uma lei que explica os resultados geralmente alcançados. É a chamada lei da colheita - o ser humano colhe o que planta.

EDINALDO MARQUES
Professor, Consultor e Palestrante
Membro da Academia Maceioense de Letras

Cultura


Entende-se por cultura de um povo a combinação de valores, crenças, comportamentos, símbolos e rituais incorporados ao longo do tempo. É essa combinação que forma a identidade e o modo de convivência entre as pessoas, aglutina-as e influi no desempenho.

Quem faz a cultura de uma comunidade, cidade, estado ou país são seus habitantes. As empresas não que têm cultura. Na realidade, elas possuem um CNPJ. A cultura é determinada pelas pessoas, a partir do processo de educação de um povo e da maneira como pais, mães e dirigentes governamentais dão os exemplos.

Uma cultura poderosa, que consiga sair ilesa de possíveis crises mundiais ou nacionais, garantindo o desenvolvimento sustentável de uma região, seria aquela na qual a virtude da liderança moderna - e que interessa ao mundo atual, fosse difundida nas escolas, famílias e demais organizações.

Evidentemente nem todos conseguirão ser líderes verdadeiros, mas alguns atributos que fazem toda uma diferença influenciariam os comportamentos e as atitudes das pessoas. Hábitos que garantem o equilíbrio pessoal, coletivo, clareza das missões, iniciativa, responsabilidade, negociação eficaz e a valorização das diferenças individuais.

Edinaldo Marques
Engenheiro civil, Professor, Consultor e Palestrante
Membro da Academia Maceioense de Letras
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Balanço de 2010


O ano de 2010 está chegando ao seu final. Esse é o momento ideal para as pessoas refletirem sobre o que conseguiram realizar durante o ano e renovar sonhos, transformando-os em novas metas para 2011.

Somos movidos por aspirações, vontades e necessidades que precisam ficar bem nítidas, a fim de aumentarmos a possibilidade de transformar em realidades. A maneira mais eficaz para alcançarmos aquilo que desejamos é tirar da mente e colocar no papel. Isto ajuda a formar propósito mental, fator decisivo para que alcancemos desafios.

Às vezes ficamos tão acostumados com a rotina do trabalho, familiar, tão descrentes com a realidade atual, que esquecemos a capacidade de sonhar, a possibilidade de ter um projeto de vida com objetivos de curto, médio e longo prazos, criar uma direção – espécie de “bússola interior”, que nos leve ao encontro daquilo que mais desejamos.

Precisamos sair da condição de coadjuvantes ou expectadores para a de protagonistas de nossas vidas. Descobrir nossa missão, valores e diversos papeis ou funções, para que possamos ter plena consciência daquilo que iremos fazer.

Que tenhamos todos um Feliz Natal e um Ano de 2011 cheio de muitas realizações com sonhos concretizados.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Transportes e trânsito


Os comentários sobre a mudança de comando na superintendência municipal de transportes e trânsito de Maceió são os mais diversos. Como de costume há opiniões a favor e contra.

A substituição do titular da pasta é um ato político-administrativo comum dentro do serviço público. Do ponto de vista da escolha pelo ex-delegado da polícia federal Pinto de Luna, é uma questão do que motivou a decisão. Administrativamente é sempre melhor colocar a pessoa certa no lugar certo.

Na realidade o que interessa à população são melhorias na área. Aqueles que usam o transporte coletivo urbano reclamam de muitos obstáculos: demora nos pontos de ônibus, veículos superlotados, trânsito engarrafado, insegurança, ruas estreitas, ausência de sinalização horizontal... Já os condutores de carros particulares se queixam das dificuldades, tanto de infraestrutura, como no trânsito em geral. Ainda existem os ciclistas, motociclistas e pedestres que argumentam a falta de segurança e os conflitos com os demais componentes do trânsito.

Tres fatores são indispensáveis, para que melhorem as condições de transporte e trânsito de nossa capital: decisão política, competência técnica e capacidade gerencial. É também essencial discutir e aprovar um Planejamento Integrado de Transportes para Maceió, ferramenta que poderá nortear futuras ações e evitar improvisações.

A gestão do trânsito em qualquer capital é um sistema complexo que exige interferência constante do poder público. Somente chegaremos a uma condição satisfatória, se a SMTT implantar um sistema de gerenciamento eficaz em todos os sentidos – físico, orçamentário-financeiro e humano. Caso contrário, as queixas continuarão.

Edinaldo Marques
Engenheiro Civil, Professor e Consultor
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Gestão de resultados


Há três coisas que precisam ser levadas em consideração quando se decide alcançar sucesso numa gestão: tecnologia, pessoas e processos. Se, pelo menos, um destes requisitos for deficiente, o tempo gasto para se atingir um resultado é maior. Vai se conseguir fazer alguma coisa. Mas muito mais deixará de ser feito.

A tecnologia é essencial para que os dados e as informações necessárias estejam disponíveis e possam ser utilizadas a qualquer tempo. As empresas ou órgãos públicos, que não dispõem da ferramenta tecnologia da informação, deixam de cumprir metas maiores e demoram mais tempo para executar metas menores. No mundo do conhecimento e da informação não dispor de sistemas informatizados e atualizados é fatal para o futuro da organização. Com tecnologia pode-se trabalhar em qualquer lugar, a qualquer hora e aumentar consideravelmente a produtividade individual e coletiva.

As pessoas precisam ser suficientemente eficientes no desempenho de suas funções. Fazer certo as coisas deveria ser um dever de todo e qualquer profissional. Mas o diferencial competitivo nos dias atuais é a eficácia pessoal, interpessoal, gerencial e organizacional que não poderiam deixar de ser praticadas. Isto faz uma enorme diferença. Nisto reside o grande problema dos órgãos públicos no Brasil. Alguns conseguem até ter profissionais eficientes, mas falta a eficácia necessária para que os maiores e melhores resultados possam ser conquistados. Metas e objetivos não são cumpridos em função das pessoas desconhecerem ou não usarem práticas eficazes.

Por último, os processos precisam ter um fluxo que seja do domínio do ativo humano. O método de gestão deve ser participativo, ágil e que incentive a utilização da criatividade humana.

A história dos sapos fervidos retrata bem o que se acaba de dizer acima: “Estudos biológicos mostraram que um sapo colocado num recipiente, com a mesma água de sua lagoa, fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve. Inchado e feliz.

Por outro lado, outro sapo que seja jogado nesse recipiente com a água já fervendo salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo!

Às vezes, somos sapos fervidos. Não percebemos as mudanças. Achamos que está tudo muito bom, ou que aquilo que está mal vai passar, é só questão de tempo. Estamos prestes a morrer, mas ficamos boiando, estáveis e apáticos, na água que se aquece a cada minuto. Acabamos morrendo, inchadinhos e felizes, sem perceber as mudanças à nossa volta.

Sapos fervidos não notam que, além de ser eficientes (fazer certo as coisas), precisam ser eficazes (fazer as coisas certas). E para que isso aconteça, há a necessidade de um contínuo crescimento, com espaço para o diálogo, para a comunicação clara, para dividir e planejar, para uma relação adulta.

O desafio ainda maior está na humildade em atuar respeitando o pensamento do próximo. Há sapos fervidos que ainda acreditam que o fundamental é a obediência, e não a competência: “manda quem pode, e obedece quem tem juízo”. E nisso tudo, onde está a vida de verdade? É melhor sair meio chamuscado de uma situação, mas vivos e prontos para agir.”

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Combate à corrupção


9 de dezembro é o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Diversas palestras e debates ocorreram em todo o país para discutir a questão e buscar alternativas de combate, tanto preventivas como punitivas.

Uma pesquisa publicada no site msn.com indicou que 64% do povo brasileiro tem a percepção do aumento da corrupção em nosso país.

Na verdade a corrupção no Brasil pode ser comparada a um iceberg – o que não está à vista, ou não é percebido pela população, é bem maior do que aquilo que está à vista.

A corrupção em nosso país é endêmica e para combatê-la é preciso atuar em duas frentes: preventiva e repressiva (ou punitiva). A forma preventiva de combate à corrupção, e mais eficaz, deve ser feita, prioritariamente, através da formação do caráter. Isto leva tempo. As teorias do comportamento humano mostram que dependem muito de exemplos positivos dos pais, dos governantes e do ambiente social.

As pessoas têm várias necessidades e, uma delas, é seguir alguém em quem confie para adotar como ídolo. Pode ser pai, mãe, jogador, cantor, músico, professor... Por isso é importante que bons exemplos sejam dados por aqueles, que lidam diretamente com crianças/adolescentes e tendem a ser escolhidos para serem seguidos.

No Brasil, uma causa do excesso de corrupção, é a quase certeza da impunidade. Poucos são punidos e, o que é mais importante, não devolvem o que foi desviado. Se pessoas que estão no topo das organizações (dirigentes públicos dos três poderes) dessem mais exemplos positivos, os índices de corrupção baixariam e muito.

O que inspira a corrupção e cria essa cultura destrutiva é que pessoas em cargos elevados apenas chefiam ou comandam e não lideram como deveriam. Países com índices bem menores de corrupção são aqueles que têm maior número de verdadeiros líderes dentro do governo e na sociedade.

Não precisa ser super herói ou super homem para reduzir a corrupção. Basta escolher a liderança e praticar princípios. Dar exemplos positivos. Resultados aparecerão no médio e longo prazos. Criar a disciplina liderança (centrada em princípios) em todos os níveis, a partir da escola básica/fundamental até o ensino superior. A base de um verdadeiro líder – aquele que interessa ao mundo atual, é o caráter.

Os maiores efeitos da elevada corrupção no Brasil vão contra a classe pobre. Faltam recursos para educação, saúde, assistência social, saneamento, segurança e tudo mais.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor
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sábado, 4 de dezembro de 2010

Pavimento escorregadio


Após a frezagem e recapeamento da avenida Fernandes Lima/Durval de Góes Monteiro, os motoristas que utilizam essas vias pavimentadas deverão ter mais atenção com a distância para o veículo que for na frente. O novo pavimento apresenta algumas exsudações - presença de excesso de ligante na superfície, o que irá dificultar a frenagem, principalmente em períodos de chuva. As colisões traseiras podem ser mais frequentes, a partir de agora.
As áreas mais visíveis podem ser vistas defronte ao 59º BIMTz - Batalhão de Infantaria Motorizada do exército, sentido Taboleiro/Praça do Centenário.
A exsudação é um defeito construtivo, que tem um lado positivo: o processo de envelhecimento, ou oxidação do concreto asfáltico, se torna mais lento. Por outro lado, diminui o atrito pneu-pavimento e, portanto, reduz a segurança viária.
Outro fator técnico também identificado no recapeamento foi o não tratamento de áreas aonde a deformação plástica - ou deformação permanente, é mais intensa. Isto vai provocar a reflexão de trincas do tipo couro de crocodilo - trincas interligadas formando quadriláteros, que permitem a entrada da água e diminuem o tempo de vida útil do pavimento.
Esse mesmo fenômeno - propagação de trincas já pode ser notado no recapeamento da Av. Álvaro Otacílio (orla de Maceió). Nas trilhas de rodas são visíveis a presença de trincas, apesar do pavimento ainda não ter completado um ano de vida. Isto faz com que uma obra de pavimentação, que deveria durar de 10 a 20 anos, passe a ter uma vida útil inferior, exigindo do poder público novos investimentos.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Novos governos


Já no primeiro dia de janeiro de 2011 tomarão posse os novos governantes estaduais. Alguns são conhecidos, pois conseguiram renovar o mandato. Mas a maioria enfrentará desafios nunca antes experimentados. Com o aumento das necessidades da população e a limitação orçamentária-financeira, cada vez mais será preciso dar eficácia e eficiência as ações. Isto garantirá a sustentabilidade da gestão a curto, médio e longo prazos.

Alguns gestores aprenderão com o erro. Este não é o melhor caminho. É necessário sair do amadorismo e se aproximar do profissionalismo. Existem prazos, normas, leis – como a lei de responsabilidade fiscal, que não podem ser desconsideradas, sob pena de inviabilizar a administração estadual.

Políticas públicas precisarão ser implementadas para garantir o equilíbrio econômico, social e ambiental nos estados.

A primeira coisa a fazer é checar a realidade estadual. Inúmeros dados, projetos e propostas feitas durante a campanha passarão por uma revisão. Porém, ao sentarem na cadeira de governador, haverá uma fase de transição, que deve ser aproveitada para atualizar os dados e verificar a real possibilidade de investimentos, financiamentos, captação de recursos federais e a capacidade de endividamento.

Uma coisa é o que se pretende fazer. Outra coisa é o realmente pode ser feito. Quando o administrador assume a função, passa a ter conhecimento exato das limitações orçamentárias, financeiras e dificuldades que o impedirão de promover todas as mudanças necessárias. Este é um fato real.

Geralmente, o primeiro ano de governo é o mais difícil. Inicia-se aí a fase de adaptação dos governadores e de seus assessores. No início, reuniões coletivas e em grupos menores são mais necessárias, para que haja uma definição do alinhamento a ser seguido.

O orçamento do primeiro ano de um governo é aprovado pelo antecessor. Esta é mais uma dificuldade para colocar em ação um plano de governo, cuja implementação depende de disponibilidade orçamentária e financeira. Além disso, geralmente, os orçamentos anuais são peças fictícias. Por vezes, a arrecadação é menor do que aquilo previsto no orçamento.

Caso o governante não possua o conhecimento das ferramentas de liderança e de gestão, tão necessárias ao sucesso da administração, é fundamental escolher algum assessor, conselheiro ou consultor, que possa ser ouvido para facilitar as decisões a serem tomadas.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor da UFAL e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

Morros do Rio e favelas


Para que a situação em alguns morros do Rio de Janeiro, que já estão sob controle da segurança pública, tenha o equilíbrio desejado é preciso uma ação integrada e contínua do poder público. Serviços de saneamento básico – esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e coleta de lixo, além de urbanização, educação e profissionalização, geração de empregos e renda, saúde... são essenciais para garantir a paz nessas comunidades.

O que assistimos nos últimos dias é reflexo ainda do período escravagista ocorrido no Brasil no final do século XIX. Outros fatores responsáveis foram o déficit habitacional do país, a má distribuição de renda e a falta de políticas públicas que mantenham o homem no campo.

A consequência é a assustadora transferência do homem do campo, que sem a posse da terra e sem trabalho, desloca-se para as cidades na tentativa de garantir a sua sobrevivência. A crise social faz com que pessoas, sobretudo oriundas das áreas rurais, venham para a cidade à procura de oportunidades, de uma vida mais digna.

Os estudos sobre motivação humana demonstram que o que mais motiva o homem é a sua necessidade de sobrevivência. Quando isto está em jogo, o ser humano luta ou foge.

Essas regiões urbanas apresentam baixa qualidade de vida e moradores com um poder aquisitivo muito limitado – menos de um salário mínimo, onde as edificações são feitas sem a técnica adequada e sem levar em conta aspectos urbanísticos.

Geralmente são nos morros e nas grotas os locais escolhidos pelas pessoas para construir favelas ou comunidades precárias. São áreas de topografia acidentada, onde as construções ocorrem em terrenos invadidos e sem regularização fundiária.

Por ser uma região em geral caracterizada por uma ocupação desordenada do solo, faz-se necessária a intervenção do poder público e, de preferência, logo no início, quando a favela começa a se instalar. Esta foi a grande falha administrativa que provocou a guerrilha urbana nos morros do Rio – a omissão da autoridade pública.

O grande problema é que as favelas se instalam sem a orientação ou fiscalização. Habitações, às vezes, sub-humanas, são construídas sem as instalações de água e energia, esgoto, coleta de lixo, drenagem de águas pluviais e sem mínimos critérios urbanísticos.

As soluções para os problemas de favelas no Brasil passam necessariamente pela urbanização das já existentes e pela implantação de programas de engenharia pública, associados a projetos específicos de melhoria da qualidade de vida.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil e Professor da UFAL