quarta-feira, 22 de junho de 2011

A vida é coletiva


Por que sua vida não é melhor do que poderia ser? As pessoas se acomodam e acham que o bom, ou às vezes, o mais ou menos, é o ideal. Não sabem que "o bom é o inimigo do ótimo".

Em geral, tem-se um temor pela mudança. Experimentar o novo traz dúvidas. Também, os interesses individuais são quase sempre postos à frente de interesses maiores (coletivos). O paradigma egoísta - do "eu" vence o da interdependência - do "nós".

As percepções que movem as pessoas são fruto de ideologias, crenças e experiências vividas. Não significam que sejam verdadeiras. Mas, as pessoas têm imensa dificuldade de entender que as suas percepções podem não ser reais. Daí, a necessidade de se questionar aquilo que se pensa ser verdadeiro. Isto exige humildade, grandeza humana, características nem sempre cultivadas e praticadas.

É raro se desenvolver uma visão sistêmica, que permita aproximar o mundo fictício em que se vive do mundo real. O hábito da leitura e do compartilhamento de ideias, com mente aberta, são pouco comuns. No mundo atual, do individualismo e da "falta de tempo", os isolamentos têm dificultado. A consequência disso tudo são os resultados alcançados, seja na vida pessoal, profissional, na instituição aonde se trabalha, na cidade, estado ou país em que se vive. Ninguém está livre de uma tragédia em face do desequilíbrio da vida em sociedade.

Apesar da vida ser coletiva e de todos merecerem dispor de condições mínimas de dignidade, ainda se está muito distante disso. A vida começará a mudar, quando as pessoas promoverem uma mudança interior.

Tem-se tanta tecnologia, tantas pesquisas científicas, recursos abundantes, mas falta usar de modo equilibrado o racional e o emocional. Falta tolerância, amor ao próximo e caráter.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

sexta-feira, 17 de junho de 2011

E o pós-Copa?


Quantos "elefantes brancos" estarão instalados nas cidades brasileiras após a Copa do Mundo de 2014? E depois das Olimpíadas de 2016? A decisão de sediar esses eventos, sem antes focar outras áreas mais importantes, não passou por uma análise técnica e racional. Foi mais política e emocional. Vai deixar um alto preço ao povo brasileiro.

São várias as exigências que a Fifa faz para a realização da Copa do Mundo. Recursos que deveriam ir para outras prioridades serão absorvidos para atender a entidade internacional. O ex-jogador Romário, tetra-campeão mundial pela seleção brasileira de futebol em 1994, hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro, chegou a dizer numa visita a Curitiba, que o Brasil possui vários outros problemas: "não vamos viver só de Copa do Mundo".

A Grécia, que hoje atravessa uma grave crise econômica, já sediou uma Olimpíada. Há quem afirme que essa atual crise ainda é consequência de investimentos lá realizados sem o retorno esperado.

Para compensar a falta de planejamento e de tempo, o governo federal enviou ao congresso nacional uma medida provisória na tentativa de flexibilizar a lei das licitações e aprovar o RDC - Regime Diferenciado de Contratações, tanto para a Copa do Mundo como para as Olimpíadas. Isso prevê a realização de licitações sem o projeto completo de engenharia. É o mesmo que colocar os carros na frente dos bois. Primeiro, deve ser elaborado o projeto completo, depois os orçamentos, para em seguida ser aberto o processo licitatório.

A ideia do governo é acelerar a velocidade de execução das obras. O Confea e o Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia e Arquitetura já se manifestaram contrários a essa proposta.

A pergunta que fazemos é a seguinte: por que nunca pensaram em fazer o mesmo com áreas ainda mais prioritárias, como por exemplo, a educação, saúde e segurança?

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os riscos da improvisação


Do mesmo modo que há construções feitas exclusivamente por pedreiros sem a presença técnica de engenheiros ou arquitetos, existem gestões empíricas - baseadas apenas na "experiência" exercida por diversos profissionais, sem usarem paradigmas e métodos modernos de administração e com base na ciência.

Por incrível que possa parecer, até nas universidades as pessoas têm dificuldades de entender isso. Será que a vaidade não permite? Ou não conseguimos enxergar a realidade com clareza.

Dependemos uns dos outros para viver melhor. Um exemplo disto é o trânsito. Poderemos sair de casa e não voltar. A solução de todos os problemas que afligem as pessoas está na gestão profissional e competente, a partir de uma combinação de teoria e prática.

Não devemos apenas usar a “experiência”, pois esta muitas vezes repete erros. Portanto, administrar de modo empírico não é solução para um mundo tão complexo, veloz e cheio de turbulências como o atual.

Não há segurança, faltam condições de mobilidade urbana, a saúde pública é precária, as estradas são construídas e logo aparecem buracos por todos os lados, as drogas invadem as cidades e destróem a vida das pessoas...

Como resolver tudo isso? A resposta chama-se gestão profissional. Aplicar planejamento e ações eficazes. Quando dirigentes públicos, as elites e a sociedade perceberão dessa maneira?

Edinaldo Marques
Engº Civil e Professor
Consultor e Palestrante

terça-feira, 7 de junho de 2011

Reflexão acadêmica III


Esta semana a comunidade da Ufal – professores, técnicos-administrativos e estudantes vai escolher seu futuro dirigente, que deverá administrar a instituição nos próximos quatro anos. Não precisa necessariamente que o reitor eleito seja um gestor profissional. Mas, o que não se entende é porque a atual gestão não consulta professores e técnicos em administração ou mesmo consultores especializados, a fim de melhor gerenciar a universidade, a partir da adoção de métodos e ferramentas modernas disponíveis na ciência da administração.

Se o motivo da falta de consulta é a falta de confiança nos professores e pesquisadores em Administração da própria universidade, poderia convidar professores – doutores e mestres de outras instituições para elaborarem um novo projeto de desenvolvimento organizacional.

Ao contrário, preferem administrar de forma improvisada, sem utilizar conceitos modernos de gestão e paradigmas corretos. Pode-se constatar o que ora é dito, a partir do nível de desmotivação verificado em muitos servidores. Pessoas que poderiam dar uma contribuição maior do que a atual por diversas razões não o fazem. Fatores como realização pessoal, reconhecimento por mérito, comunicação clara e transparente, segurança, perspectivas futuras, alinhamento de sonhos pessoais com metas institucionais e relações interpessoais deveriam ser focados pela gestão. É preciso gerenciar para que as pessoas saiam da obediência fingida para o comprometimento e chegar ao entusiasmo criativo.

Será que esse é um dos motivos que faz com que a interiorização na Ufal esteja atrasada? Falta eficácia na gestão? Que método ou processo de gestão é empregado atualmente?

Quando se compara os resultados obtidos pela Ufal com a Universidade Federal de Sergipe, que tem um orçamento anual, desde 2003, 80 milhões a menos, chega-se a conclusão de que algo deixou de ser feito por aqui. Na UFSE há mais cursos de graduação e de pós-graduação, maior número de bolsas para estudantes e a interiorização está bem mais avançada em relação à infraestrutura e ao quadro docente.

A Ufal ainda está longe da excelência administrativa e acadêmica. A consequência da não utilização de um método moderno e eficaz provoca desperdício de tempo, de recursos financeiros e humanos. Antes de administrar é necessário liderar, para que os servidores possam usar todo o potencial da mente – criatividade, engenhosidade, entusiasmo e lealdade. Sistemas e subsistemas deveriam ser utilizados na prática para garantir um ambiente de maior confiança, alinhamento, esclarecimento de propósitos e liberação de talentos ora reprimidos.

Do ponto de vista acadêmico não se forma profissionais com as competências necessárias para o século XXI. Quando vão perceber isto? Quando vão mudar, ou melhor, quando vão implantar um processo de gestão que permita obter resultados mais rápidos com os mesmos recursos disponíveis? Sem inovação humana associada ao conhecimento o desempenho jamais atingirá a excelência.

Edinaldo Marques
Professor da Ufal, Consultor e Palestrante
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