sexta-feira, 29 de abril de 2011

Infraestrutura e controle tecnológico


Por falhas de planejamento e de ação por parte do governo federal e de governos estaduais várias obras de infraestrutura previstas para acontecerem em todo o país, que visam sobretudo melhorar as condições de mobilidade urbana e de transporte aéreo – caso dos 13 aeroportos, estão atrasadas. Dois eventos de interesse mundial, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, aumentaram a responsabilidade brasileira.

As consequências principais disso serão o aumento no preço final das obras e a sua qualidade. Muito provavelmente a falta de tempo vai implicar na execução de obras, que exigirão recuperações antes do prazo previsto. Se não houver controle tecnológico realmente eficaz durante a execução de cada obra, o governo brasileiro precisará fazer novas licitações para reconstruir o que for entregue, logo depois de encerrarem os eventos previstos.

Não bastará tão somente contratar empresas de consultoria para supervisionar as obras. Isto aparentemente resolveria o problema, mas na prática não funciona dessa forma.

Edinaldo Marques
Engenheiro Civil e Professor
Palestrante e Consultor
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Amadorismo gerencial


Engenheiros, economistas, médicos, advogados, sociólogos, psicólogos, enfermeiros, professores... se formam, vão exercer diversas funções técnicas, inclusive de GESTÃO e passam a aprender com o erro, não conseguem chegar aos resultados esperados. Faltam conhecimentos e práticas modernas de ADMINISTRAÇÃO. Sequer, às vezes, conseguem administrar a si, quanto mais outras pessoas e processos produtivos. Gerenciam com paradigmas do século passado. Quando se erra no ponto de vista os resultados nunca serão os melhores.

O pior é que isso não é percebido. Governo, mídia e sociedade em geral acreditam que para administrar basta ter bom senso. Isto é imprescindível em qualquer situação, mas não é o suficiente. Além disso, é preciso exercer a gestão moderna. Ao invés de chefiar, praticar a liderança e gestão eficazes.

A dificuldade é que as universidades e faculdades do país não preparam os profissionais para o mundo real. Quando se termina um curso superior a tendência é trabalhar na iniciativa privada ou no serviço público. Outra alternativa é criar o próprio emprego, através da prática do empreendedorismo individual ou em sociedade.

Sem métodos e ferramentas adequadas fica mais difícil elaborar planos e executar as ações, sejam individualmente ou em equipe. Questões como eficácia pessoal, interpessoal, gerencial e organizacional não são apresentadas aos profissionais graduados e pós-graduados. No século XXI vive-se um momento de complexidade, turbulências e incertezas. Sem o domínio de processos eficazes de gestão não se consegue a velocidade e os resultados que a sociedade tanto cobra.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor da Ufal há 30 anos
Consultor e Palestrante
Pós-Graduado em Administração
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Insegurança


Em qualquer grupo de pessoas que trocam ideias hoje em Alagoas surge sempre a discussão sobre a insegurança atualmente vivida no estado. Afinal, vive-se na região considerada a mais violenta do país. É difícil encontrar alguém, que ainda não tenha sido assaltado ou presenciado alguma ação desse tipo. A situação tende a se agravar a cada dia. A solução sustentável para esse problema não será obtida a curto prazo. Vai exigir atuação conjunta dos governos estadual, municipais e federal, além das famílias, professores, igrejas, mídia e toda a sociedade.

São vários os fatores que podem provocar insegurança. Para que se saia da condição atual para uma bem melhor é preciso usar visão sistêmica, holística e integrar o maior número possível de órgãos e pessoas. Isto exige muito trabalho, inteligência, comunicação e compromisso. Sistemas e subsistemas de gestão devem ser montados, para que resultados positivos surjam mais rapidamente.

Apenas combater o crime e a violência não significa atingir a causa principal do problema. Sair de uma cultura de violência para outra de paz vai exigir a disseminação de um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e modos de vida diferentes dos atualmente experimentados. Antes de construir a paz é necessário desconstruir a violência.

Deve-se montar um plano eficaz nessa direção, que contenha estratégias e ações constantes. Certamente, já existe um mapeamento da violência no estado de posse da secretaria de defesa social. Se houver vontade política e se for estabelecida uma agenda positiva para a promoção da cidadania e de uma cultura de paz, chegar-se-á a cada momento mais próximo de uma situação aceitável.

Paralelamente, é preciso intensificar as ações repressivas. Usar, simultaneamente, tecnologia e polícia na rua para inibir ações de violência.

O que não podem ser desconsideradas no plano de ação são as necessidades humanas. Quando necessidades básicas mínimas deixam de ser atendidas estão sendo formadas as raízes da insegurança. Se a sociedade deseja um plano de ação eficaz é preciso resgatar valores humanos universais, como o amor, a verdade e a paz.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor, Consultor e Palestrante
Pós-Graduado em Administração
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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Educação infantil


Li uma reportagem na Gazeta de Alagoas, que foi publicada na edição de domingo (17 de abril), página A15 do caderno de Economia, intitulada “Com 6 anos, criança já pode aprender a lidar com dinheiro”.
Se o Brasil deseja preparar o seu futuro e garantir as bases da sustentabilidade econômica, social e ambiental, é preciso repensar a forma de educar as crianças. Isto passa, também, pela preparação de pais e mães, pois não basta apenas a escola ensinar. Sem o engajamento da família no processo educacional os resultados não poderão ser os melhores.
O cérebro infantil começa seu crescimento a partir dos 3 anos de idade. Até os 6 anos é o período em que deveremos preparar as bases para um futuro de maior sucesso e realizações. As regiões cerebrais responsáveis pelo aprendizado se desenvolvem mais rápido nessa idade.
Crianças e adolescentes deveriam ser preparados para identificar seus sonhos e elaborar o seu projeto de vida. Aí estaria incluída a educação financeira, emocional e de valores humanos.
Com uma metodologia apropriada, através do uso de metáforas, histórias e exemplos claros, criar-se-iam as condições para que começassem a fazer autoconhecimento e autodesenvolvimento. Sem a ajuda de professores treinados para esse fim e sem os equipamentos modernos que a tecnologia disponibiliza, os resultados não seriam os desejados. Portanto, o método precisa ser devidamente detalhado e compreendido pelos professores, que teriam a responsabilidade de repassar esse conhecimento e atuarem com orientadores.
Antes de formar o profissional para exercer essa ou aquela especialidade, precisamos preparar o cidadão, pessoas com capacidade de liderar a si, com visões mais próximas da realidade atual e em condições de persistir na busca de seus sonhos e objetivos. Isto já é uma realidade em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos. Lá, já nos primeiros anos de alfabetização, as crianças lidam com essas questões.

Edinaldo Marques
Professor, Consultor e Palestrante
Pós-Graduado em Administração
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Planejamento estratégico e execução


Se algo não apresenta bons resultados uma saída adotada pelos gestores é a elaboração de um planejamento estratégico, para que mudanças positivas apareçam. Mas, na prática, de nada adiantará apenas a elaboração de um plano. Pode ser mais uma peça a enfeitar as prateleiras e que servirá apenas como “álibi” na busca de soluções para o problema.
Ao contrário do que alguns pensam o planejamento é um processo contínuo, que deve ser executado independentemente de quem seja o partido ou governo à frente do executivo. Envolve um conjunto de técnicas e de atitudes administrativas. Isto implica dizer que para dar certo é necessário mudança de mentalidade, a fim de que o planejamento produzido seja realmente executado. Este é o grande “nó”.
O objetivo do plano é provocar mudanças nas pessoas – que são os servidores, na tecnologia – novos equipamentos e maneiras de trabalhar e nos sistemas. Isto somente apresentará os resultados desejados, se as pessoas envolvidas passarem por um processo de treinamento em eficácia pessoal, eficácia interpessoal, eficácia gerencial e eficácia organizacional. Como raramente esta parte é implementada, podemos antecipar que as mudanças esperadas a partir do plano não darão certo.

Edinaldo Marques
Professor e Consultor
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Trem-bala: um erro de prioridade


O senado federal aprovou na semana passada a implantação do projeto do trem-bala, que ligará as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O valor inicialmente estimado para essa obra poderá chegar a R$ 50 bilhões. Como o projeto ainda não está totalmente concluído – a nível de projeto executivo, e há a possibilidade de mudanças de traçado com perfuração de túneis, o valor final após a sua conclusão poderá sofrer um aditivo de até 45% do planejado.
Há opiniões a favor e contra esse projeto. O que precisaria ser analisada é a prioridade ou não dessa obra neste momento. É certo que o Brasil deve ousar. Mas, quem quer administrar com responsabilidade e visão de futuro não pode deixar de hierarquizar os investimentos. Com tantas dificuldades de mobilidade urbana hoje existentes nas grandes capitais, seria mais importante buscar resolver essa questão, para depois investir no projeto do trem-bala. Por que não, primeiro concluir as obras do metrô de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília etc., para depois lançar a licitação do trem-bala? O que é mais importante, executar o trem-bala ou investir na sustentação econômica e social do país?

Edinaldo Marques
Engº Civil e Professor
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Reforma Administrativa

Li uma matéria que foi publicada na página A7 da Gazeta de Alagoas de domingo (03 de abril), de autoria do jornalista e editor geral, Célio Gomes, intitulada “Reforma administrativa é trololó”. Diante da importância do tema e das implicações que representa na qualidade de vida da população, achei conveniente fazer alguns esclarecimentos, no sentido de deixar a minha contribuição técnica.

As reformas administrativas estão sendo realizadas não só aqui em Alagoas como em vários outros estados da federação e representam uma necessidade dos governos, para se adaptarem às mudanças impostas pela realidade atual e conseguirem alcançar as metas e objetivos com maior agilidade. Essas reformas só servirão como “remédio” para os males, se forem corretamente aplicadas (na dosagem e metodologia). Há remédios que servem e curam. E outros que não servem para determinado caso.

O erro dessas reformas é que não basta mexer na estrutura administrativa. Na verdade, isto é secundário. O principal é começar pelos paradigmas, que estão presentes nas mentes dos governantes e de alguns servidores. Sem mudar a cultura ou mentalidade hoje reinante não há reforma que venha a dar certo.

Para que as mudanças propostas nas reformas saiam da teoria e façam parte do dia-a-dia de um governo, é necessário desenvolver um processo de gestão que promova eficácia e eficiência no setor público. Isto significa fazer com que todos ou, pelo menos a maioria dos ocupantes de funções estratégicas do governo, passem por um T & D – Treinamento e Desenvolvimento, a fim de substituir modelos de gestão ultrapassados e ampliar a capacidade de liderar e gerenciar pessoas/ processos.

Há um apagão de gestão pública no país. A quase totalidade dos governos utiliza paradigmas da era industrial e nem se dão conta disso. Do século XIX até a metade do século XX, as empresas e órgãos públicos investiam tão somente no conhecimento técnico de seus servidores. Em pleno século XXI, é preciso juntar ao conhecimento em cada área, a capacidade de liderar e gerenciar com eficácia. Caso contrário, os resultados de melhoria da produtividade, qualquer que seja a reforma, deixarão a desejar.

Na prática, de nada adianta pensar em fazer reforma administrativa se os membros do governo e demais servidores não estão preparados para executá-la. Isto começa pela visão que cada pessoa tem de como liderar e administrar no século XXI. Posso garantir e provar que a elaboração de uma reforma administrativa planejada e executada corretamente conduzirá a uma mudança positiva nos resultados. Mas isto não é uma tarefa simples. Precisa ser feita com profissionalismo e sua implementação exigirá um trabalho de coach – acompanhamento técnico para garantir que as engrenagens administrativas da reforma façam realmente parte do sistema de governo.

A lentidão nas ações observada dentro do serviço público é consequência da falta de conhecimento e práticas de eficácia pessoal, interpessoal, gerencial e organizacional.

Reforma administrativa não é “trololó” – fácil, como disse o ex-governador José Serra, e sim, conhecimento teórico e prático de sistemas modernos de gestão aplicados ao setor público. Não basta apenas ter bom senso para administrar em momentos de alta complexidade como os atuais. Existem modelos científicos de gestão de pessoas e de processos administrativos, que não são aplicados por falta de conhecimento dos pseudo-administradores. As falhas de gestão são mais visíveis, principalmente em pastas complexas, como educação, saúde, segurança pública e assistência social. Com o atual “modelo vencido” de gestão pública as pessoas administram coisas complexas, sem embasamento, e tentando aprender com o erro, o que pode acarretar a percepção de “trololó”.

Como “provocação” e comprovação de tudo o que afirmo, que tal utilizar o verdadeiro conhecimento científico disponibilizado pela academia, no sentido de resolver essa “dúvida”? A Ufal poderia ser solicitada a contribuir com a questão.

Edinaldo MarquesProfessor da Ufal, Pós-Graduado em Administração
Consultor e Palestrante

Tragédia em Realengo


A tragédia de 7 de abril na escola municipal Tasso da Silveira em Realengo no Rio de Janeiro ficará marcada na memória do povo brasileiro. Desde que aconteceu o terrível episódio que vitimou 12 adolescentes, a mídia tem dado destaque e trazido diversas opiniões de especialistas, que tentam explicar o que ocorreu na mente daquele assassino. As principais revistas de circulação em nosso país estamparam em suas capas o retrato do autor. Este “glamour” não é positivo. Pelo contrário, pode contribuir para incentivar outras mentes doentias, pessoas esquizofrênicas ou de dupla personalidade a imaginarem que poderão ter sucesso, se agirem do mesmo modo.

Mas o que pode ter provocado o trágico episódio? Estamos diante de um caso bastante complexo para ser desvendado com base em uma única área do conhecimento. Para explicar o que ocorreu naquela mente é preciso juntar várias ciências – psicologia, sociologia, antropologia, administração e a ciência médica – psiquiatria.

Do ponto de vista da administração as teorias motivacionais mostram que as pessoas se motivam por necessidades não atendidas. Que necessidades básicas deixaram de ser atendidas na vida do assassino? Sua mãe biológica sofria de esquizofrenia e ele a perdeu cedo. Já a mãe adotiva, que era uma espécie de guia, havia morrido há um ano e meio. Este fato fez com que o criminoso ficasse totalmente sem direção, isto é, sem ter a quem seguir. Perdeu a única referëncia em quem confiava e que ainda restava para ele. O fato de ser um psicótico, a ausência de uma “bússola” interior e a não formação de um caráter sólido influenciaram em sua decisão. Antes de cometer essa trágica ação vivia mergulhado em emoções e sentimentos conflitantes, que podem ter contribuído a elevar os níveis de distúrbio mental. Faltou alguém do âmbito familiar ou da própria escola onde estudou, que tivesse identificado seu estranho comportamento e o orientado ou levado a fazer um tratamento.

Em escolas no Brasil foi o primeiro caso desse tipo e dimensão. Fica claro, que é preciso cuidar melhor das mentes das pessoas e o mais cedo possível – já a partir dos 3 anos de idade. É aí, que se originam grande parte das doenças e guerras. A causa de comportamentos e atitudes estranhas está nas cabeças. Educar emocionalmente e preparar para valores humanos precisam estar incluídos nos currículos das escolas. Antes porém, é necessário preparar os professores. Estes devem ser também treinados para identificar alguma anormalidade individual e dedicar atenção especial ou encaminhar para especialistas no assunto. Sempre que alguém prefere o isolamento deve ser melhor observado e tratado.

Também a desestruturação familiar, hoje reinante no Brasil, pode contribuir com resultados como esse. É um grande desafio colocado para os governos e toda a sociedade. Está claro que é preciso mudar a forma de educar – tanto nas escolas como nas famílias e ter cuidado com os maus exemplos que são diariamente passados. Será que começamos a colher aquilo que foi plantado? Esperamos que não e que tenha sido o último caso.

Edinaldo Marques Professor e Consultor
Pós-Graduado em Administração
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