quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Urbanização de favelas

Passarela na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (Foto: Felipe Dana/AP)

A cada momento uma nova favela pode estar se instalando ou se expandindo em alguma cidade do País. Isto é reflexo ainda do período escravagista ocorrido no Brasil no final do século XIX. Outros fatores responsáveis são o déficit habitacional, a má distribuição de renda e a falta de políticas públicas eficazes que mantenham o homem no campo.

A consequência é a assustadora transferência do homem do sertão, que sem a posse da terra, sem trabalho e com a seca, desloca-se para as cidades na tentativa de garantir a sua sobrevivência. A crise social faz com que pessoas, sobretudo oriundas das áreas rurais, venham para a cidade à procura de oportunidades, de uma vida mais digna.

Os estudos sobre motivação humana demonstram que o que mais motiva o homem é a sua necessidade de sobrevivência. Quando isto está em jogo, o ser humano luta ou foge. No caso da crescente favelização no País a segunda opção tem sido a mais escolhida.

Regiões urbanas com ocupações desordenadas apresentam baixa qualidade de vida e moradores com um poder aquisitivo muito limitado – menos de um salário mínimo, onde as edificações são feitas sem a técnica adequada e sem levar em conta aspectos urbanísticos.

Geralmente são nos morros e nas grotas os locais escolhidos pelas pessoas para construir favelas. São áreas de topografia acidentada, onde as construções ocorrem em terrenos invadidos e sem regularização fundiária.

Por ser uma região em geral caracterizada por uma ocupação desordenada do solo, faz-se necessária a intervenção do poder público e, de preferência, logo no início, quando a favela começa a se instalar.

O grande problema é que as favelas se instalam sem a orientação ou fiscalização. Habitações, às vezes, sub-humanas, são construídas sem as instalações de água e energia, esgoto, coleta de lixo, drenagem de águas pluviais e sem mínimos critérios urbanísticos.

As soluções para os problemas de favelas no Brasil passam necessariamente pela urbanização das já existentes e pela implantação de programas de engenharia pública, associados a projetos específicos de melhoria da qualidade de vida.

A ocorrência de favelas é uma realidade, porém o que não é aceitável é a falta de serviços públicos como saneamento básico, segurança, creches e educação ambiental, fatores indispensáveis na criação de dignidade às pessoas que vivem nesses locais.



EDINALDO MARQUES
Engº Civil, Consultor e Professor
edinaldo_melo50@hotmail.com
@EdinaldoMarques (twitter)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

País do apagão



O Brasil vive numa fraca democracia. É o país das injustiças, das leis mortas, da corrupção escandalosa, da impunidade, da falta de educação de qualidade, do caos na saúde, da insegurança, dos soterrados e desabrigados das chuvas, dos apagões de energia. Será que também é o país dos sem cabeça?

Costumamos dizer que as pessoas por aqui são maravilhosas. O problema é a qualidade do que elas pensam - se é que pensam, e aquilo que cai no imaginário e passam a achar verdade.

Somente conhecemos três verdades absolutas: 1ª) todas as pessoas morrerão um dia; 2ª) mudança – é preciso mudar sempre e para melhor. Aliás, isto faz parte da teoria de Darwin – todos os animais que não se adaptaram as mudanças ambientais foram extintos; 3ª) escolha – a cada momento, escolhemos algo: em quem votar, com quem casar, o que comer, o que vestir etc.

Tudo mais que acreditamos ser verdade poderá ser questionado. Depende da percepção que cada um tem. E nem sempre o mapa ou modelo mental, que está nas cabeças das pessoas, é correto. Mas elas, às vezes, não admitem questionamento. Nem sabem que se movem a partir de seus mapas mentais. Para evoluirmos é preciso começar a pensar sobre o próprio pensamento, caso contrário, jamais sairemos do "atoleiro"?

Vamos exemplicar melhor. Se alguém disser que existe vida após a morte – como alguns defendem esta tese, poderá aparecer alguma pessoa para questionar. E o defensor da tese não terá como provar, pois ainda não morreu. Logo, isso é apenas uma crença, que poderá ser questionada. Quase tudo é questionável.

O Brasil vai continuar a ser sempre o país dos sem terra, sem teto, sem comida, sem saúde, sem educação, sem água, sem luz, sem estradas confortáveis e seguras, sem justiça social, enquanto não adotar um processo cultural de administração, que foque primeiro a eficácia e depois a eficiência. Deve começar pelas pessoas, nas famílias e se estender às empresas/organizações, nas políticas públicas e sociedade de um modo geral. Não há outro caminho para mudar os resultados atuais.

EDINALDO MARQUES
Engº Civil, Consultor e Professor
@EdinaldoMarques
edinaldo_melo50@hotmail.com