quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cidade sustentável

É possível sonhar, projetar e viver numa cidade sustentável? Para chegar a ser sustentável, com raras exceções, as cidades brasileiras têm um longo caminho a ser percorrido. É preciso planejamento urbano e viário integrados de curto, médio e longo prazos, executados seguindo prioridades, aliados à mudanças educacionais, culturais, comportamentais e sistemas de administração eficazes.

A questão de partida, que deve ser respondida pela população de cada município, é: no futuro, em que cidade quer viver e com que qualidade de vida? O momento para dar início a essa discussão e obter algumas respostas é bastante propício, pois a partir de 1º de janeiro novos prefeitos tomarão posse e passarão a administrar seus municípios. Caberá aos prefeitos e equipes a responsabilidade de coordenar o planejamento e execução da suas cidades inseridas no século XXI.

Um passo fundamental para transformar o sonho em realidade é a discussão e aprovação – caso ainda não exista, de uma Lei de Mobilidade Urbana, que priorize a eficiência e qualidade na utilização dos serviços públicos relacionados à mobilidade urbana.

Alguns pontos são essenciais:

1º) Prioridade ao transporte público de massa com a criação de faixas exclusivas para ônibus, implantação de metrôs, monotrilhos e/ou VLT – veículo leve sobre trilhos, integração das modalidades de transportes, melhoria de todos os pontos de subida/descida de passageiros e terminais;

2º) Prioridade aos meios não motorizados de transporte – deslocamentos a pé e de ciclistas em faixas exclusivas;

3º) Prioridade às questões ambientais – criação de novas áreas verdes, plantação e manutenção de árvores em parceria com a iniciativa privada ou pessoa física;

4º) Criação de um CACA – Centro de Apoio e Controle de Acidentes para executar interferências nas superfícies das vias urbanas, que apresentam alto índice de acidentes, no sentido de reduzi-los – inclui alteração de material de pavimentos em alguns semáforos, entroncamentos e cruzamentos (ou fazer uma espécie de grooving – ranhura para melhoria da aderência pneu-pavimento), além de intensa sinalização horizontal e vertical, implantação de novas passagens elevadas para pedestres, construção de viadutos e outras obras d’artes especiais;

5º) Melhorar os passeios públicos e calçadas em geral para dar condições às pessoas e, em especial, aos deficientes físicos de se deslocarem de forma independente – humanizar e garantir aplicação da Lei de Acessibilidade;

6º) E, muito importante, fazer uma revolução na educação, incluindo disciplinas nas grades curriculares, que realmente preparem os futuros cidadãos para uma vida em sociedade, que possam ser ajudados a descobrir projetos de vida e saber como alcançá-los. Inclui valorização e atualização de professores, novo projeto pedagógico, grades curriculares e metodologias apropriadas ao mundo atual da velocidade do conhecimento.

Alguns outros pontos a serem inseridos são a desmaterialização do transporte, a partir do uso da tecnologia para evitar deslocamentos desnecessários (videoconferências, acesso à serviços bancários pela internet etc.); melhorar a vida nos bairros; construir edifício garagem etc. Muitas outras questões poderão ser analisadas a depender das especificidades geográficas, topográficas e culturais de cada local.

As cidades brasileiras têm crescido, mas muitas de modo desordenado, com algumas iniciativas isoladas ou improvisadas, que não fazem parte de um planejamento global previamente definido. Se não mudar a prática, no futuro, ficará muito difícil viver nesses locais. A hora é agora.

Toda e qualquer cidade, por melhor que possa estar no presente, deve ser planejada para o futuro e fixadas as prioridades, a fim de que os problemas sejam resolvidos antes de se tornarem realidade e exigirem maiores gastos públicos. Correção de atuais deficiências e antecipação são possíveis com administrações proativas e eficazes, que olhem para frente.

Edinaldo Marques
Engº Civil e Consultor
@EdinaldoMarques (twitter)
edinaldo_melo50@hotmail.com

2 comentários:

Mário Gomes Filho disse...

Excelente, Edinaldo. Parabéns. Prossiga!

Unknown disse...

parecendo nosso Brasil