terça-feira, 24 de julho de 2012

Eleições 2012

Os prefeitos que forem eleitos no pleito deste ano encontrarão pela frente vários problemas a serem equacionados durante suas gestões. Em síntese, os pontos serão educação, saúde, segurança, infraestrutura, mobilidade urbana, geração de empregos e renda, combate e prevenção às drogas etc.

Para fazer com que as cidades brasileiras cresçam e se desenvolvam mais rapidamente na direção da sustentabilidade – econômica, social e ambiental, a maior prioridade dos futuros governos municipais, deverá ser administrar a pasta da educação com a máxima eficácia.

O processo de gestão da educação exigirá mudanças e/ou melhorias nos três ativos organizacionais – físico, orçamentário-financeiro e humano, a fim de que os resultados desejados se tornem realidades.

O ativo físico compreende os fatores destinados ao funcionamento das escolas: instalações prediais, equipamentos disponíveis para as salas de aula, transporte escolar, merenda, novas tecnologias e ferramentas para uma educação moderna, além dos demais itens - permanentes ou de consumo, requeridos pelas atividades de ensino: carteiras, livros didáticos, outros materiais e equipamentos. Não bastará ter infraestrutura e equipamentos disponíveis. Será preciso - e mais econômico, criar sistemas de manutenção para avaliar periodicamente e promover intervenções.

O ativo orçamentário-financeiro é o que dará suporte aos outros dois (físico e humano). Compreende o que ficará previsto a ser gasto anualmente na educação, distribuído nos vários elementos de despesa e de acordo com a consequente disponibilidade para pagamento. Não bastará apenas elevar o percentual do PIB a ser utilizado na pasta para que se tenha uma educação de qualidade. Será preciso administrar e evitar desperdícios ou desvios porventura existentes no sistema.

Dos três ativos, o humano é o mais importante para o sucesso do processo, pois envolve pessoas – professores e servidores, que executarão as diversas atividades, sejam de ensino ou administrativas. Três questões são fundamentais. Primeiro, treinar professores para que repassem o conhecimento específico e contribuam na formação de alunos proativos, no sentido de proporcionar uma formação integrada e com mais cidadania. Segundo, preparar os responsáveis pelas atividades administrativas, para que gerenciem os sistemas produtivos e de pessoas, de modo eficaz, com paradigmas modernos, visão holística e proatividade. Terceiro, implantar planos de cargos e salários compatíveis com a importância da atividade do professor, a fim de motivar tanto os atuais como os futuros educadores na escolha da carreira do magistério, tornando-a mais atrativa.

Sistemas administrativos específicos e complementares precisarão ser planejados e executados para avaliar os resultados que forem sendo obtidos. Os dados servirão de feedback no aprimoramento das ações.

Outras estratégias a serem inseridas deverão focar o projeto pedagógico. Uma nova disciplina – Empreendedorismo e Liderança necessitará ser acrescentada ao currículo, logo a partir dos primeiros anos de escola, para ajudar na elaboração do projeto de vida e formação do cidadão – autoconhecimento dos alunos, proatividade, automotivação, escolha de valores humanos elevados, educação emocional de crianças e jovens.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
@EdinaldoMarques  

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cidade sustentável

É possível sonhar, projetar e viver numa cidade sustentável? Para chegar a ser sustentável, com raras exceções, as cidades brasileiras têm um longo caminho a ser percorrido. É preciso planejamento urbano e viário integrados de curto, médio e longo prazos, executados seguindo prioridades, aliados à mudanças educacionais, culturais, comportamentais e sistemas de administração eficazes.

A questão de partida, que deve ser respondida pela população de cada município, é: no futuro, em que cidade quer viver e com que qualidade de vida? O momento para dar início a essa discussão e obter algumas respostas é bastante propício, pois a partir de 1º de janeiro novos prefeitos tomarão posse e passarão a administrar seus municípios. Caberá aos prefeitos e equipes a responsabilidade de coordenar o planejamento e execução da suas cidades inseridas no século XXI.

Um passo fundamental para transformar o sonho em realidade é a discussão e aprovação – caso ainda não exista, de uma Lei de Mobilidade Urbana, que priorize a eficiência e qualidade na utilização dos serviços públicos relacionados à mobilidade urbana.

Alguns pontos são essenciais:

1º) Prioridade ao transporte público de massa com a criação de faixas exclusivas para ônibus, implantação de metrôs, monotrilhos e/ou VLT – veículo leve sobre trilhos, integração das modalidades de transportes, melhoria de todos os pontos de subida/descida de passageiros e terminais;

2º) Prioridade aos meios não motorizados de transporte – deslocamentos a pé e de ciclistas em faixas exclusivas;

3º) Prioridade às questões ambientais – criação de novas áreas verdes, plantação e manutenção de árvores em parceria com a iniciativa privada ou pessoa física;

4º) Criação de um CACA – Centro de Apoio e Controle de Acidentes para executar interferências nas superfícies das vias urbanas, que apresentam alto índice de acidentes, no sentido de reduzi-los – inclui alteração de material de pavimentos em alguns semáforos, entroncamentos e cruzamentos (ou fazer uma espécie de grooving – ranhura para melhoria da aderência pneu-pavimento), além de intensa sinalização horizontal e vertical, implantação de novas passagens elevadas para pedestres, construção de viadutos e outras obras d’artes especiais;

5º) Melhorar os passeios públicos e calçadas em geral para dar condições às pessoas e, em especial, aos deficientes físicos de se deslocarem de forma independente – humanizar e garantir aplicação da Lei de Acessibilidade;

6º) E, muito importante, fazer uma revolução na educação, incluindo disciplinas nas grades curriculares, que realmente preparem os futuros cidadãos para uma vida em sociedade, que possam ser ajudados a descobrir projetos de vida e saber como alcançá-los. Inclui valorização e atualização de professores, novo projeto pedagógico, grades curriculares e metodologias apropriadas ao mundo atual da velocidade do conhecimento.

Alguns outros pontos a serem inseridos são a desmaterialização do transporte, a partir do uso da tecnologia para evitar deslocamentos desnecessários (videoconferências, acesso à serviços bancários pela internet etc.); melhorar a vida nos bairros; construir edifício garagem etc. Muitas outras questões poderão ser analisadas a depender das especificidades geográficas, topográficas e culturais de cada local.

As cidades brasileiras têm crescido, mas muitas de modo desordenado, com algumas iniciativas isoladas ou improvisadas, que não fazem parte de um planejamento global previamente definido. Se não mudar a prática, no futuro, ficará muito difícil viver nesses locais. A hora é agora.

Toda e qualquer cidade, por melhor que possa estar no presente, deve ser planejada para o futuro e fixadas as prioridades, a fim de que os problemas sejam resolvidos antes de se tornarem realidade e exigirem maiores gastos públicos. Correção de atuais deficiências e antecipação são possíveis com administrações proativas e eficazes, que olhem para frente.

Edinaldo Marques
Engº Civil e Consultor
@EdinaldoMarques (twitter)
edinaldo_melo50@hotmail.com