sexta-feira, 17 de junho de 2011

E o pós-Copa?


Quantos "elefantes brancos" estarão instalados nas cidades brasileiras após a Copa do Mundo de 2014? E depois das Olimpíadas de 2016? A decisão de sediar esses eventos, sem antes focar outras áreas mais importantes, não passou por uma análise técnica e racional. Foi mais política e emocional. Vai deixar um alto preço ao povo brasileiro.

São várias as exigências que a Fifa faz para a realização da Copa do Mundo. Recursos que deveriam ir para outras prioridades serão absorvidos para atender a entidade internacional. O ex-jogador Romário, tetra-campeão mundial pela seleção brasileira de futebol em 1994, hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro, chegou a dizer numa visita a Curitiba, que o Brasil possui vários outros problemas: "não vamos viver só de Copa do Mundo".

A Grécia, que hoje atravessa uma grave crise econômica, já sediou uma Olimpíada. Há quem afirme que essa atual crise ainda é consequência de investimentos lá realizados sem o retorno esperado.

Para compensar a falta de planejamento e de tempo, o governo federal enviou ao congresso nacional uma medida provisória na tentativa de flexibilizar a lei das licitações e aprovar o RDC - Regime Diferenciado de Contratações, tanto para a Copa do Mundo como para as Olimpíadas. Isso prevê a realização de licitações sem o projeto completo de engenharia. É o mesmo que colocar os carros na frente dos bois. Primeiro, deve ser elaborado o projeto completo, depois os orçamentos, para em seguida ser aberto o processo licitatório.

A ideia do governo é acelerar a velocidade de execução das obras. O Confea e o Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia e Arquitetura já se manifestaram contrários a essa proposta.

A pergunta que fazemos é a seguinte: por que nunca pensaram em fazer o mesmo com áreas ainda mais prioritárias, como por exemplo, a educação, saúde e segurança?

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

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