terça-feira, 7 de junho de 2011

Reflexão acadêmica III


Esta semana a comunidade da Ufal – professores, técnicos-administrativos e estudantes vai escolher seu futuro dirigente, que deverá administrar a instituição nos próximos quatro anos. Não precisa necessariamente que o reitor eleito seja um gestor profissional. Mas, o que não se entende é porque a atual gestão não consulta professores e técnicos em administração ou mesmo consultores especializados, a fim de melhor gerenciar a universidade, a partir da adoção de métodos e ferramentas modernas disponíveis na ciência da administração.

Se o motivo da falta de consulta é a falta de confiança nos professores e pesquisadores em Administração da própria universidade, poderia convidar professores – doutores e mestres de outras instituições para elaborarem um novo projeto de desenvolvimento organizacional.

Ao contrário, preferem administrar de forma improvisada, sem utilizar conceitos modernos de gestão e paradigmas corretos. Pode-se constatar o que ora é dito, a partir do nível de desmotivação verificado em muitos servidores. Pessoas que poderiam dar uma contribuição maior do que a atual por diversas razões não o fazem. Fatores como realização pessoal, reconhecimento por mérito, comunicação clara e transparente, segurança, perspectivas futuras, alinhamento de sonhos pessoais com metas institucionais e relações interpessoais deveriam ser focados pela gestão. É preciso gerenciar para que as pessoas saiam da obediência fingida para o comprometimento e chegar ao entusiasmo criativo.

Será que esse é um dos motivos que faz com que a interiorização na Ufal esteja atrasada? Falta eficácia na gestão? Que método ou processo de gestão é empregado atualmente?

Quando se compara os resultados obtidos pela Ufal com a Universidade Federal de Sergipe, que tem um orçamento anual, desde 2003, 80 milhões a menos, chega-se a conclusão de que algo deixou de ser feito por aqui. Na UFSE há mais cursos de graduação e de pós-graduação, maior número de bolsas para estudantes e a interiorização está bem mais avançada em relação à infraestrutura e ao quadro docente.

A Ufal ainda está longe da excelência administrativa e acadêmica. A consequência da não utilização de um método moderno e eficaz provoca desperdício de tempo, de recursos financeiros e humanos. Antes de administrar é necessário liderar, para que os servidores possam usar todo o potencial da mente – criatividade, engenhosidade, entusiasmo e lealdade. Sistemas e subsistemas deveriam ser utilizados na prática para garantir um ambiente de maior confiança, alinhamento, esclarecimento de propósitos e liberação de talentos ora reprimidos.

Do ponto de vista acadêmico não se forma profissionais com as competências necessárias para o século XXI. Quando vão perceber isto? Quando vão mudar, ou melhor, quando vão implantar um processo de gestão que permita obter resultados mais rápidos com os mesmos recursos disponíveis? Sem inovação humana associada ao conhecimento o desempenho jamais atingirá a excelência.

Edinaldo Marques
Professor da Ufal, Consultor e Palestrante
www.twitter.com/edinaldomarques
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www.administradores.com.br

8 comentários:

Alexandre disse...

O pior que esse mesmo filme está em cartaz que quase todas as universidades deste país.

Por incrível que pareça, nisso as particulares estão a frente. Mas claro. Não a grande maioria delas.

Universidades de todo jeito e base conceitual entram nesse contexto de despreocupação com administração organizacional ou, que seja, profissionalização.

Anônimo disse...

Caro Alexandre,
O que você diz é uma verdade. Lamentavelmente, dentro da academia que deveria zelar pelo conhecimento científico, no caso da administração isso não acontece. Quase todo mundo acha que administrar basta bom senso. É um engano! Falta responsabilidade intelectual, usam-se métodos arcaicos que foram aplicadoz na era industrial - século XIX, até metade do século XX. O pior é que a grande maioria nem percebe...
Edinaldo Marques

Toledo disse...

O difícil é convencer os técnicos e professores que os salários do executivo não são iguais aos salários do judiciário!

Toledo disse...

Pelo visto, o prof. Edinaldo desconhece (ou ignora) as diversas ações desenvolvidas pela PROGEP.

Anônimo disse...

Caro Alexandre, não desconheço as ações. Até existem, mas é preciso analisar ações e resultados. Na prática o que constato é um número expressivo de professores e técnicos-administrativos desmotivados. Em administração isto significa que o processo de gestão não consegue inspirar servidores. Além de várias outras questões que abordo no artigo.
Edinaldo Marques

Anônimo disse...

Alexandre, complemento dizendo que não é apenas o salário que faz com que os servidores se motivem. Quando puder leia as últimas pesquisas que tratam do tema MOTIVAÇÃO HUMANA.
Edinaldo Marques

Toledo disse...

A estabilidade no emprego pode ser um fator da falta de motivação dos técnicos e professores da Ufal.
Ouço muita reclamação de professores e técnicos quanto aos salários: por essa razão consideram que não devem trabalhar mais do que o mínimo. Todos almejam salários de Deputados e Senadores!

Anônimo disse...

O salário faz parte da relação de fatores motivacionais. Mas, não é o principal. Existem outros como realização pessoal, reconhecimento, segurança, perspectivas futuras, clima organizacional... Cabe ao gestor e líder partir de paradigmas atuais e utilizar um processo baseado na EFICÁCIA, a fim de LIBERAR A MOTIVAÇÃO QUE OS SERVIDORES - professores e técnicos-administrativos JÁ TRAZEM DENTRO DE SI. Isto se chama usar a ciência moderna da administração (e não apenas "experiência").
Edinaldo Marques