terça-feira, 12 de julho de 2011

Riqueza perdida


Profissionais de elevado conhecimento técnico e experiência se aposentam, ou morrem, sem antes transferir o conhecimento que possuem para profissionais mais jovens. O desperdício tem sido mais comum em órgãos rodoviários, como o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Mas o problema acontece também em outros setores do serviço público.

A falta de talentos em alguns órgãos, em decorrência da ausência de decisão política em recompor os quadros de pessoal, é evidente. A deficiência passa a ser compensada com a contratação de estagiários, funções comissionadas ou mesmo terceirização.

Não existe uma competente gestão do conhecimento. Em algumas áreas não se prepara um profissional da noite para o dia. São necessários vários anos de trabalho. O ideal seria mesclar os mais antigos com outros mais jovens e criar um ambiente, onde o conhecimento fosse colocado nos processos.

Projetos de estradas precisam ser devidamente analisados e fiscalizados durante a execução. Este procedimento tem sido entregue a empresas de consultoria, que nem sempre realizam com a qualidade devida. Para o ente público, fica a ideia de que o problema está solucionado. Na prática, porém, o que se observa é uma perda de qualidade.

Não há país ou estado que suporte tanta obra mal executada, sem o devido retorno do investimento realizado. Isto acumulado leva a dívidas. A consequência de uma precoce reconstrução das estradas é o uso de recursos públicos, que poderiam ser investidos em outras prioridades.

A desestruturação do DNIT não é de agora. Já vem há anos. Os efeitos são sentidos hoje e serão amanhã. As atuais obras que estão sendo entregues à população exigirão uma precoce reconstrução ou restauração.

Algumas estradas, apesar de durarem mais tempo, não atingem a vida útil prevista, em geral, 10 anos. As causas são a falha de projeto, de execução e/ou manutenção indevida.

No depoimento dado nesta terça-feira (12 de julho) pelo diretor geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, na Audiência Pública conjunta no Senado que objetiva apurar possíveis irregularidades de superfaturamento, não ficaram dúvidas – pelo menos quanto a esse aspecto. Quando ele, Pagot, citou que a ausência de fiscalização do DNIT ocorre por falta de pessoal.

EDINALDO MARQUES
Engº Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

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