terça-feira, 9 de junho de 2009

Improvisação versus especialização

Resolvi fazer este comentário para esclarecer algumas opiniões e crenças acerca do desempenho dos gestores públicos. Na realidade as qualidades de um gestor em termos de maturidade pessoal, integridade e competência técnica são importantes. Porém, na condição de especialista em gestão pública, o que posso dizer é que, uma coisa é o profissional competente em sua função técnica específica. Outra coisa, é o especialista em liderança e gestão pública. As pessoas acreditam, que todo mundo formado ou pós-graduado está apto a administrar. Acham até que nem mesmo a graduação é necessária. Pode até, alguém que não tenha preparação, fazer alguma coisa, mas dificilmente, atingirá os melhores e maiores resultados.
Um exemplo, para que fique claro: imagine que o técnico Dunga resolva colocar o Kaká - considerado hoje o melhor jogador brasileiro, para jogar na condição de goleiro. Provavelmente, ele não terá um bom desempenho. Porém, não deixará de ser um ótimo jogador. A questão é que cada um é bom numa posição.
Outro exemplo, se você estiver sofrendo de algum problema cardíaco, certamente procurará um cardiologista. E por que? Porque este é o profissional especialista em casos do coração. Poderia procurar um urologista ou um clínico geral, mas não, sempre se procura um especialista naquilo que se quer resolver.
O mesmo deveria ser no serviço público. A população paga um preço muito alto em virtude da improvisação, que é uma tônica comum dos governantes. Ao invés de colocar a pessoa certa no lugar certo, coloca-se, às vezes, alguém que é “amigo”.
Conclusão: existe nas pessoas em geral, inclusive nos governantes, a crença de que qualquer um pode administrar qualquer coisa. Isto não é verdade. Faltam, muitas vezes, as competências essenciais ao administrador. Quando os governos improvisam, e isto acontece com frequência, alcançam alguns resultados, mas deixam muito a desejar. Mesmo que alguém diga que o trabalho de um profissional improvisado numa função é bom, não deve se esquecer da frase: “o inimigo do bom é o melhor”.
EDINALDO MARQUES
Professor de Administração na Ufal, Pós-graduado com Mestrado em Administração e Consultor

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