sábado, 16 de maio de 2009

Coitado de São Pedro

Basta chover para que surjam comentários de todas as partes, colocando a culpa em São Pedro. Formam-se alagamentos, as ruas ficam intransitáveis, barreiras desmoronam, pessoas morrem soterradas, veículos ficam debaixo d’água nas garagens subterrâneas dos prédios residenciais, prejuízos os mais diversos, e aí, aparecem as afirmações: “a culpa é da chuva”.
Mas a culpa é mesmo da chuva ou faltou pensar e priorizar com antecedência? Afinal, todo mundo sabe que no inverno a tendência é chover. Os administradores públicos têm que realizar seus planos estratégicos, envolvendo, inicialmente, o maior número possível de servidores, inclusive a população, para depois poderem priorizar as ações e agir, sobretudo, preventivamente. Se assim fosse, seria uma demonstração de eficácia.
É verdade que os problemas são muitos e, às vezes, o orçamento é insuficiente para atender a todas as demandas. É verdade, também, que esporadicamente pode-se decretar situação de emergência. O que não deve é ser tudo uma emergência. A maior dificuldade mesmo é a falta de proatividade dentro do serviço público. A consequência é a improvisação, dispensa de licitação e mais recursos sendo despejados para resolver o que deveria ter sido antes solucionado.
Veja, por exemplo, o caso das rodovias. Todo mundo sabe que no inverno a tendência é aparecerem mais buracos nas estradas em virtude das chuvas. Então, por que durante o verão não se atua no sentido de executar AÇÕES PREVENTIVAS? Os serviços ficariam MAIS ECONÔMICOS e de MELHOR QUALIDADE. Ao contrário, deixa-se chegar a chuva, para realizar operações do tipo TAPA-BURACO.
A mesma coisa com os ALAGAMENTOS nas cidades. Interessante é que querem colocar a culpa dos estragos na água. Que equívoco! A culpa está na falta de uma drenagem urbana que funcione a contento. Tanto a microdrenagem é falha, como também a macrodrenagem, que não atende a altura pluviométrica um pouco maior.
Se as áreas de estacionamentos de prédios nos subsolos dos edifícios residenciais ficaram alagadas, dando perda total dos veículos dos moradores, a culpa não foi da chuva, o que pode ter havido foi FALHA NO PROJETO e na EXECUÇÃO DA OBRA.

Edinaldo Marques
Engenheiro Civil, Professor da Ufal e Consultor

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns!!!! Ótimo Texto!!

Anônimo disse...

É sempre o mesmo discurso há décadas. Não tenho mais esperanças que as coisas melhorem neste estado. Mary