domingo, 17 de maio de 2009

Logística no Brasil

Há muito tempo o Brasil comete um erro estratégico, que dificulta o seu crescimento econômico e reduz a competitividade do agronegócio nacional, considerado hoje, o setor mais dinâmico e produtivo da economia brasileira. O agronegócio é responsável por um terço do PIB brasileiro e 37% do emprego e renda do país.
A falta de infraestrutura que permita uma logística eficiente, ou seja, colocar os bens e produtos agrícolas nos portos para exportação, ao menor custo possível, a partir da utilização das diferentes modalidades de transportes, é o principal fator que prejudica as exportações e a competitividade.
É verdade que temos um país continental e, como conseqüência, o custo de implantação da infraestrutura se torna elevado. Quando alguns dizem que os governos passados priorizaram a construção de rodovias em detrimento da construção de ferrovias, isto é verdadeiro, porém, a malha pavimentada ainda hoje é insuficiente, além de muito mal conservada. Na verdade, faltaram investimentos em todas as modalidades de transporte: ferroviário, hidroviário e rodoviário. Faltou planejamento logístico para garantir a integração dos três modos de transportes.
Segundo estudo da ONU, o país tem tudo para ser, nos próximos 12 anos, o maior produtor de grãos do mundo, superando inclusive os Estados Unidos. Mas, para isto, precisa priorizar e planejar a sua logística de transportes. Hoje, em face da carência de obras estruturantes, os custos logísticos são quase o dobro dos verificados nos Estados Unidos.
Outro entrave está na questão da administração dos portos. Em geral são atrasados, de alto custo de manutenção, ineficientes, dominados por sindicatos e com várias suspeitas de corrupção.
Um programa que também deveria está inserido no planejamento dos governos estaduais é o da construção de rodovias vicinais. São estradas, em geral mais simples do ponto de vista de classificação rodoviária, porém, construídas com todo o “estado da arte” e que servem para logística dos produtos agrícolas, do centro produtor a rodovias principais, e daí, aos portos para exportação.
Para se garantir uma economia sustentável, é necessário que as prioridades inseridas no PAC contemplem o investimento integrado em portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários, construção de novas rodovias, ferrovias, manutenção das estradas já existentes e máximo aproveitamento do potencial hidroviário nacional.
Quando comparamos os custos dos transportes hidroviário e ferroviário verificamos que são, respectivamente, 60% e 35% mais baratos que o custo do transporte rodoviário. As rodovias continuam com transporte competitivo em distâncias de até 500 km, em face da maior rapidez e da economia de transbordo.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor da Ufal e Consultor

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