terça-feira, 2 de março de 2010

Faltam engenheiros


A Comissão de Infraestrutura do Senado, que é presidida pelo senador Fernando Collor, debateu em Audiência Pública realizada nesta segunda-feira (01), o tema “formação e capacitação de mão-de-obra para enfrentar os desafios ligados à infraestrutura do país”. O PAC – Programa de Aceleração do Crescimento prevê a realização de uma grande quantidade de obras até 2016 e no mercado brasileiro há carência de engenheiros para execução das obras previstas. Dois eventos mundiais a serem realizados no Brasil – Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, fizeram com que a programação de obras seja ainda maior.
Como enfrentar essa situação? Quais as propostas que podem ser postas em prática com a rapidez e eficácia que o país necessita?
A Universidade Federal de Alagoas já vem executando há 8 anos o projeto Liderança Pessoal e Interpessoal Eficaz, que é aplicado na disciplina Administração de Empresas para os cursos de engenharia civil, engenharia química e, mais recentemente, engenharia ambiental. Visa formar profissionais completos e mais competitivos para o atual mercado de trabalho, que exige engenheiros especialistas em diversas áreas, mas com visão generalista e domínio de vários conceitos, capacidade de trabalhar em equipe, práticas proativas, motivação duradoura, e que saibam liderar a si e outras pessoas.
Temos a honra de estar à frente da disciplina e cumprir o projeto com o objetivo de formar profissionais com novas habilidades e competências.
Em pleno século XXI, na era do conhecimento, da inovação e da nanotecnologia, o maior diferencial de qualquer pessoa/profissional é a liderança eficaz, para conseguir atingir maiores e melhores objetivos.
Essa é uma virtude e habilidade que tem a maior demanda e a menor oferta no mercado. Ser líder não é exercer um cargo ou está numa posição, mas sim, uma escolha, que envolve o desenvolvimento de vários atributos: visão, coragem, energia/automotivação, empreendedorismo, mudança contínua, foco, inspirar confiança, saber comunicar-se, absorver adversidades...
O excessivo número de evasão escolar nos cursos de engenharia deve ser combatido com o projeto acima, além disso, é preciso reduzir as injustiças salariais. Há uma grande distância entre a remuneração paga a advogados e os salários dos engenheiros. Isto faz com que muitos estudantes comecem o curso e não concluam, ou quando concluem fazem concurso para exercer atividades totalmente diferentes da formação de engenharia.
Em 1996 foi publicado um artigo de nossa autoria no jornal Gazeta de Alagoas intitulado Injustiça Salarial e Profissional, que tratava sobre a questão. Agora, como consequência da não adoção de providências anteriores os reflexos estão sendo sentidos.
Do mesmo modo o sistema CONFEA/CREAs deve agir no sentido de conseguir a aprovação de uma regulamentação, que eleve o valor mínimo profissional do engenheiro pago pela iniciativa privada.
Essas são medidas objetivas que se colocadas em prática aumentarão a permanência de profissionais de engenharia no efetivo exercício de suas profissões.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor

Um comentário:

Raphael disse...

Professor, foi motivante a sua participação na audiência pública do Senado. Parabéns.