sexta-feira, 16 de julho de 2010

Transparência


A corrupção no Brasil é um mal que sempre existiu e para combater é preciso usar uma estratégia correta. Se não for possível extirpar por completo, pelo menos, pode ser bastante reduzido. Para tal, são necessárias várias reformas: política – para estabelecer regras e procedimentos transparentes para o controle do financiamento de campanhas eleitorais; do judiciário – para reduzir a impunidade e punir mais rapidamente os casos de corrupção; administrativa – para diminuir a quantidade de cargos de confiança e o poder de barganha no jogo político com a captação de propinas nas estatais. Além disso, fazer ainda as reformas fiscal e tributária para aumentar o controle sobre os gastos públicos e reduzir o pagamento de “pedágios”.

Ocupamos, hoje, a 75ª posição no ranking dos 180 países mais corruptos do mundo. Entra e sai governo, mas a “doença endêmica” continua sem solução. Algumas pesquisas indicam que 40% é o percentual, em média, desviado em todo e qualquer processo de investimento com recursos públicos.

De acordo com a FGV – Fundação Getúlio Vargas, o prejuízo do Brasil, somente com a queda de produtividade provocada por fraudes públicas, é de US$ 3,5 bilhões por ano. A consequência é que recursos, que deveriam ser investidos em educação, saúde e segurança, por exemplo, vão para bolsos particulares. Faltam hospitais, leitos, medicamentos, médicos, educação de qualidade, estradas confortáveis e seguras, segurança pública etc.

Um estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), estimou que o preço da corrupção custa para o Brasil entre R$ 41,5 e R$ 69,1 bilhões por ano, o que corresponde de 1,38% a 2,3% do PIB – Produto Interno Bruto. Se o dinheiro desviado fosse investido em educação, por exemplo, poderíamos ampliar de 34,5 milhões para 51 milhões o número de estudantes matriculados na rede pública do ensino fundamental, além de melhorar as condições de vida do brasileiro.

Se não houvesse tanta corrupção, 277 novos aeroportos poderiam ter sido construídos no país. A precariedade dos terminais dos aeroportos é um dos maiores problemas para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Sem dúvida, uma das formas preferidas para desvios de recursos públicos ocorre em obras de infraestrutura. Pela complexidade técnica fica difícil detectar algo errado. Somente um trabalho de auditoria feito por especialistas em projetos e execuções, com elevada condição moral e ética, recebendo altos salários para tentar reduzir a possibilidade de se corromperem, poderia identificar inúmeras irregularidades. São medições, mudanças de materiais, processos construtivos incompletos ou ineficazes, falta de controle tecnológico e tantos outros fatores que levam a corrupção.

Há corrupção nas obras que são feitas e se acabam antes do tempo de vida. Estradas, que deveriam durar 10 ou 20 anos, acabam-se em um ano. Obras de construção civil, que teriam uma durabilidade de 50 anos, no mínimo, precisam ser totalmente refeitas com 3 ou 4 anos de construídas e, às vezes, logo após serem inauguradas. Para isso, novos recursos são gastos e mais corrupção.

Também obras que são executadas e abandonadas sem a manutenção devida sofrem uma depreciação prematura e necessitam de novos e grandes investimentos. Tudo isso são formas de corrupção.

Edinaldo Marques
Engenheiro Civil e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

Nenhum comentário: