quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fluidez no trânsito


Li o editorial da Gazeta de Alagoas, que foi publicado nesta quarta-feira (28 de abril), intitulado “Trânsito fervente”.
O problema de engarrafamentos em Maceió é complexo, exige visão sistêmica, planejamento de curto, médio e longo prazos. Além disso, é preciso decisão política, coragem para vencer os diversos obstáculos e sem “achismos”.
Maceió foi uma cidade que cresceu sem planejamento. Com algumas raras exceções as avenidas e ruas são estreitas, o que dificulta a criação de vias exclusivas para a circulação de ônibus. A desordem na ocupação do solo urbano de nossa capital desafia engenheiros, urbanistas e administradores.
É preciso elaborar um planejamento global – hierarquizar investimentos – e que seja executado por sucessivos governos municipais. Não dá para a cada administração o gestor responsável fazer obras isoladas. Pode até, momentaneamente, parecer que resolveu o caos. Mas logo os engarrafamentos voltam ou são transferidos para outros pontos da cidade.
Os investimentos a serem feitos atualmente são altos e necessariamente terá que haver desapropriações. Algumas obras do tipo edifícios-garagem precisam ser projetadas e construídas em locais estratégicos.
Uma coisa é certa: não dá para priorizar o uso do transporte individual em detrimento do coletivo.
Para mudar o hábito da população e incentivar o uso do transporte coletivo é preciso aumentar a frota de ônibus, colocar veículos novos, garantir mais conforto e segurança. Para pequenas distâncias o uso da bicicleta é ótima alternativa. Estas soluções não saem da teoria para a prática da noite para o dia. O importante é começar a pensar a questão de forma estratégica e com responsabilidade.
Uma coisa precisa ficar clara: se houver decisão política, os profissionais da área de transportes poderão elaborar o planejamento e executar as obras necessárias para reduzir os engarrafamentos.
A vida é interdependente e em qualquer comunidade, quando as pessoas pensam apenas no próprio bem estar, não encontram o equilíbrio desejado.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Consultor e Palestrante
www.twitter.com/edinaldomarques
http://www.administradores.com.br/
http://www.maceioagora.com.br/

Um comentário:

Daniel Moura disse...

Prof. Edinaldo,

Você está corretíssimo em suas colocações. É justamente nesse ponto que a Bicicletada tenta tocar: para que as mudanças aconteçam, é preciso que haja decisão política. Mas algumas pessoas podem confundir com “decisões dos políticos”, o que é muito diferente.

As “decisões dos políticos” são resultado das “decisões políticas” da sociedade. Ainda está no imaginário popular a ideia de que, para melhorar o trânsito ou, para melhorar a “fluidez dos automóveis” (como muitos gostam de falar), a prefeitura deve alargar vias e construir viadutos, aquilo que você chama de “obras isoladas”. A imagem que você utiliza é um exemplo dessas “obras isoladas” ineficazes: um viaduto que foi construído para descongestionar o trânsito e que tem congestionamentos no próprio viaduto.

Porém, os maiores especialistas em transporte do Brasil e do mundo já provaram que, quanto mais espaço é dado para os automóveis, mais espaço eles demandarão. A cidade de São Paulo é o maior exemplo brasileiro. Por lá, não faltam viadutos, tuneis, pontes e avenidas largas. Mesmo assim, é a cidade mais congestionada da America do Sul, orgulhosa de seus congestionamentos de centenas de quilômetros.

Em contrapartida, a cidade de Curitiba, capital do Paraná, construiu um eficiente sistema de transporte coletivo, onde o ônibus circula por canaletas exclusivas, não ficando preso aos congestionamentos gerados pelos automóveis. Diversas cidades do mundo já copiaram e continuam copiando o modelo adotado por Curitiba.

http://www.youtube.com/watch?v=a5RIeZFk28I

O ex-prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, apresenta o que fizeram por lá e, ao final, fala justamente sobre aquilo que você disse: “e como em tudo relacionado à questão dos transportes, as decisões são políticas, não técnicas!”

http://www.youtube.com/watch?v=ZgpsKJFerrc

Ainda não tivemos o prazer de contar com sua presença nas Bicicletadas, mas mesmo de sua casa, na frente de um computador, você, como um professor respeitado que é, já contribui conosco para a difusão desse novo pensamento, de uma cidade voltada para as pessoas e não para os carros.

Grande abraço,

Daniel Moura
Arquiteto e Urbanista
Participante da Bicicletada de Maceió
www.bicicletada.org


PS: A foto utilizada é de sua autoria? Se for, gostaria de pedir sua autorização para utilizá-la em trabalhos futuros.