terça-feira, 25 de maio de 2010

Investimentos nas estradas


Cento e oitenta e três bilhões de reais. Este é o montante de dinheiro que o Brasil necessita para recuperar, reconstruir e melhorar as estradas, de acordo com um levantamento do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Desse total, somente 13% está previsto no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Dos 61 mil quilômetros de rodovias federais, 65% se encontram em estado deficiente a péssimo. 58% do transporte de cargas no país é feito através da malha pavimentada. Portanto, mais da metade de tudo que é produzido e que forma o PIB – Produto Interno Bruto, escoa pela malha rodoviária. Isto significa que o maior sustentáculo da economia nacional são as estradas.
Ao longo do tempo um dos graves erros estratégicos dos governos decorre da falta de um sistema de manutenção eficaz das rodovias brasileiras. Se isto ocorresse, o volume de dinheiro a ser investido na recuperação seria de três a quatro vezes menor.
Essa questão passa de governo a governo sem a visão e decisão corretas. Os americanos, ainda na década de 1950, identificaram esse erro e adotaram uma mudança de mentalidade.
Aqui, em que pese todo o esforço das entidades ligadas ao setor, entre elas, a ABPv – Associação Brasileira de Pavimentação, as rodovias se acabam ou ficam numa situação que exige reconstrução, para que se adotem as providências técnicas e econômicas necessárias.
Isso é um grande ralo econômico por onde bilhões de reais são desperdiçados.
Quando haverá mudança na forma de pensar? Por que não criar um sistema de gerenciamento eficaz, que identifique os problemas no início e sejam adotadas soluções com custos menores? Por que muitas rodovias são projetadas e construídas como se fossem papel, logo na primeira chuva imensas crateras são abertas e as estradas cortadas?
Do ponto de vista da engenharia podemos garantir que a tecnologia existe. Os recursos tecnológicos hoje disponíveis permitem a elaboração de projetos, que se bem executados permitirão uma durabilidade de 10 a 25 anos.
Algumas falhas detectadas são decorrentes de projetos mal elaborados ou da falta de um controle tecnológico adequado durante o processo construtivo.
A maior deficiência está no sistema de manutenção, que se não é feito no momento necessário, agrava as condições superficiais e estruturais dos pavimentos, levando a investimentos mais vultosos para a recuperação.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Consultor e Palestrante
Pós-Graduado com Mestrado em Administração de Empresas

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