quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Chuvas e buracos


Não é verdade afirmar que os buracos formados nas vias e avenidas brasileiras acontecem devido à chuva. Aliás, a chuva é, tão somente, um fenômeno da natureza. As crateras somente aparecem durante ou após o período invernoso, em consequência da falta de uma conservação eficaz do pavimento, que deveria ter sido feita preventivamente, antes do período de chuvas.
Portanto, como não são realizados os serviços de conservação na época correta, investimentos mínimos deixam de ser feitos. Quando vem a chuva, a pavimentação, que deveria estar preparada, se apresenta com fissuras, trincas e outras patologias, o que provoca o agravamento do problema. Buracos se formam, e com eles, os custos de conservação passam a ser bem maiores, ou seja, o volume de dinheiro a ser gasto pelo poder público para restaurar as condições do pavimento são mais elevados.
Essa é uma falha de gestão, mais especificamente de prioridade. É muito mais econômico executar a conservação preventiva – preparar o pavimento para as chuvas, do que a corretiva – tapar buraco ou restaurar depois que o problema se agrava.
A mesma coisa ocorre com as pessoas. Se alguém tem um problema de saúde e não dá a atenção necessária, não procura logo a cura, depois de algum tempo a solução fica mais difícil e onerosa, além de correr o risco de já ser tarde demais.
Somente com uma mudança de mentalidade e de visão será possível reduzir os prejuízos, tanto do poder público como dos usuários das vias pavimentadas.
Uma saída técnica e economicamente correta é a implantação de um sistema de gerenciamento de vias urbanas, que prevê onde, quando e como aplicar, preventivamente, os recursos que garantirão pavimentações mais duráveis e de menor custo.
O que não pode é afirmar que “a culpa é da chuva”. Esta afirmativa, tecnicamente, não é verdadeira.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor

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