segunda-feira, 11 de abril de 2011

Reforma Administrativa

Li uma matéria que foi publicada na página A7 da Gazeta de Alagoas de domingo (03 de abril), de autoria do jornalista e editor geral, Célio Gomes, intitulada “Reforma administrativa é trololó”. Diante da importância do tema e das implicações que representa na qualidade de vida da população, achei conveniente fazer alguns esclarecimentos, no sentido de deixar a minha contribuição técnica.

As reformas administrativas estão sendo realizadas não só aqui em Alagoas como em vários outros estados da federação e representam uma necessidade dos governos, para se adaptarem às mudanças impostas pela realidade atual e conseguirem alcançar as metas e objetivos com maior agilidade. Essas reformas só servirão como “remédio” para os males, se forem corretamente aplicadas (na dosagem e metodologia). Há remédios que servem e curam. E outros que não servem para determinado caso.

O erro dessas reformas é que não basta mexer na estrutura administrativa. Na verdade, isto é secundário. O principal é começar pelos paradigmas, que estão presentes nas mentes dos governantes e de alguns servidores. Sem mudar a cultura ou mentalidade hoje reinante não há reforma que venha a dar certo.

Para que as mudanças propostas nas reformas saiam da teoria e façam parte do dia-a-dia de um governo, é necessário desenvolver um processo de gestão que promova eficácia e eficiência no setor público. Isto significa fazer com que todos ou, pelo menos a maioria dos ocupantes de funções estratégicas do governo, passem por um T & D – Treinamento e Desenvolvimento, a fim de substituir modelos de gestão ultrapassados e ampliar a capacidade de liderar e gerenciar pessoas/ processos.

Há um apagão de gestão pública no país. A quase totalidade dos governos utiliza paradigmas da era industrial e nem se dão conta disso. Do século XIX até a metade do século XX, as empresas e órgãos públicos investiam tão somente no conhecimento técnico de seus servidores. Em pleno século XXI, é preciso juntar ao conhecimento em cada área, a capacidade de liderar e gerenciar com eficácia. Caso contrário, os resultados de melhoria da produtividade, qualquer que seja a reforma, deixarão a desejar.

Na prática, de nada adianta pensar em fazer reforma administrativa se os membros do governo e demais servidores não estão preparados para executá-la. Isto começa pela visão que cada pessoa tem de como liderar e administrar no século XXI. Posso garantir e provar que a elaboração de uma reforma administrativa planejada e executada corretamente conduzirá a uma mudança positiva nos resultados. Mas isto não é uma tarefa simples. Precisa ser feita com profissionalismo e sua implementação exigirá um trabalho de coach – acompanhamento técnico para garantir que as engrenagens administrativas da reforma façam realmente parte do sistema de governo.

A lentidão nas ações observada dentro do serviço público é consequência da falta de conhecimento e práticas de eficácia pessoal, interpessoal, gerencial e organizacional.

Reforma administrativa não é “trololó” – fácil, como disse o ex-governador José Serra, e sim, conhecimento teórico e prático de sistemas modernos de gestão aplicados ao setor público. Não basta apenas ter bom senso para administrar em momentos de alta complexidade como os atuais. Existem modelos científicos de gestão de pessoas e de processos administrativos, que não são aplicados por falta de conhecimento dos pseudo-administradores. As falhas de gestão são mais visíveis, principalmente em pastas complexas, como educação, saúde, segurança pública e assistência social. Com o atual “modelo vencido” de gestão pública as pessoas administram coisas complexas, sem embasamento, e tentando aprender com o erro, o que pode acarretar a percepção de “trololó”.

Como “provocação” e comprovação de tudo o que afirmo, que tal utilizar o verdadeiro conhecimento científico disponibilizado pela academia, no sentido de resolver essa “dúvida”? A Ufal poderia ser solicitada a contribuir com a questão.

Edinaldo MarquesProfessor da Ufal, Pós-Graduado em Administração
Consultor e Palestrante

Um comentário:

Unknown disse...

Olá professor Edinaldo,

Lendo seu texto publicado na Gazeta de Alagoas na página A7 do dia 10 o qual trata das grandes questões que as Reformas Administrativas traz, principalmente quando estas são realizadas sem levar em conta os paradigmas presentas na cultura dos gestoree e servidores, não tem reforma que se sustente, se paralelamente não desenvolver um processo de mudanças nas atitudes e posturas de cada um que ocupar na reforma um lugar estratégico.

Pensando em seu texto desejo escrever algo referente as questões do Ensino Médio a luz dest reforma.

Muito boa as suas reflexões parabéns!

Nitecy Abreu
Mestra em Educação Brasileira, técnica do ensino médio na Secretaria de Educação do Estado