segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tragédia em Realengo


A tragédia de 7 de abril na escola municipal Tasso da Silveira em Realengo no Rio de Janeiro ficará marcada na memória do povo brasileiro. Desde que aconteceu o terrível episódio que vitimou 12 adolescentes, a mídia tem dado destaque e trazido diversas opiniões de especialistas, que tentam explicar o que ocorreu na mente daquele assassino. As principais revistas de circulação em nosso país estamparam em suas capas o retrato do autor. Este “glamour” não é positivo. Pelo contrário, pode contribuir para incentivar outras mentes doentias, pessoas esquizofrênicas ou de dupla personalidade a imaginarem que poderão ter sucesso, se agirem do mesmo modo.

Mas o que pode ter provocado o trágico episódio? Estamos diante de um caso bastante complexo para ser desvendado com base em uma única área do conhecimento. Para explicar o que ocorreu naquela mente é preciso juntar várias ciências – psicologia, sociologia, antropologia, administração e a ciência médica – psiquiatria.

Do ponto de vista da administração as teorias motivacionais mostram que as pessoas se motivam por necessidades não atendidas. Que necessidades básicas deixaram de ser atendidas na vida do assassino? Sua mãe biológica sofria de esquizofrenia e ele a perdeu cedo. Já a mãe adotiva, que era uma espécie de guia, havia morrido há um ano e meio. Este fato fez com que o criminoso ficasse totalmente sem direção, isto é, sem ter a quem seguir. Perdeu a única referëncia em quem confiava e que ainda restava para ele. O fato de ser um psicótico, a ausência de uma “bússola” interior e a não formação de um caráter sólido influenciaram em sua decisão. Antes de cometer essa trágica ação vivia mergulhado em emoções e sentimentos conflitantes, que podem ter contribuído a elevar os níveis de distúrbio mental. Faltou alguém do âmbito familiar ou da própria escola onde estudou, que tivesse identificado seu estranho comportamento e o orientado ou levado a fazer um tratamento.

Em escolas no Brasil foi o primeiro caso desse tipo e dimensão. Fica claro, que é preciso cuidar melhor das mentes das pessoas e o mais cedo possível – já a partir dos 3 anos de idade. É aí, que se originam grande parte das doenças e guerras. A causa de comportamentos e atitudes estranhas está nas cabeças. Educar emocionalmente e preparar para valores humanos precisam estar incluídos nos currículos das escolas. Antes porém, é necessário preparar os professores. Estes devem ser também treinados para identificar alguma anormalidade individual e dedicar atenção especial ou encaminhar para especialistas no assunto. Sempre que alguém prefere o isolamento deve ser melhor observado e tratado.

Também a desestruturação familiar, hoje reinante no Brasil, pode contribuir com resultados como esse. É um grande desafio colocado para os governos e toda a sociedade. Está claro que é preciso mudar a forma de educar – tanto nas escolas como nas famílias e ter cuidado com os maus exemplos que são diariamente passados. Será que começamos a colher aquilo que foi plantado? Esperamos que não e que tenha sido o último caso.

Edinaldo Marques Professor e Consultor
Pós-Graduado em Administração
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