quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Infraestrutura - parte I


São muitas as necessidades de investimento da cidade de Maceió. Uma capital que deseja crescer de forma organizada e sustentada, receber mais turistas, gerar empregos e renda, não pode deixar de priorizar ações que visem à melhoria de sua infraestrutura urbana. As carências principais estão nos transportes, habitação, saneamento e abastecimento d’água. Vamos concentrar nossa análise no setor de transportes.

Maceió, como toda cidade, é composta por um sistema viário e modalidades de transporte. O sistema viário é compreendido pelas vias – ruas e avenidas, pontes, viadutos, travessias, veículos, ciclistas, motociclistas e pedestres. Dois pontos, logo de partida, que precisam ser debatidos: 1º) que cidade queremos?; e, 2º) qual podemos construir?

Praticamente, a única modalidade de transporte aqui existente é o rodoviário – carros, ônibus e caminhões, ao contrário de outras cidades que utilizam o trem, metrô de superfície ou de subsuperfície, além da navegação costeira, fluvial ou lagunar.

Outro ponto a ser considerado é o uso cada vez maior de bicicletas e motos, que são meios de transportes alternativos e econômicos. O crescimento de acidentes com perdas de vidas humanas e/ou deficiências físicas permanentes envolvendo esses tipos de transporte exigem a busca de soluções.

É preciso pensar, discutir e planejar o sistema viário da Maceió do futuro. Se hoje o caos já é uma realidade em vários pontos da cidade, a tendência é um agravamento da situação com engarrafamentos quilométricos sem opções de escoamento.

Sem dúvida, o traçado pelo Vale do Reginaldo é uma opção viável, mas a lentidão da obra ora realizada é grande, além de não contemplar metrô de superfície, como originalmente (1990) o projeto foi concebido. Se fosse incluído seria um transporte de massa seguro, econômico e confortável, que promoveria mudança de hábito da população, que passaria a deixar seu veículo individual em casa e utilizar o coletivo.

Qualquer proposta exequível e econômica para melhorar o sistema viário de Maceió deve passar também pela classificação funcional de cada via – expressas, arteriais, coletoras e locais. Não há em nossa capital nenhuma via que se enquadre na condição de uma via expressa. Até mesmo a batizada pelo nome de “Via Expressa”, nunca teve características técnicas que justificassem o seu nome.

A avenida Fernandes Lima – nossa principal via de acesso, pode ser classificada como uma via arterial, pois serve a um grande volume de tráfego (da ordem de 40 mil veículos por dia, em média). Possui características geométricas que permitem velocidades entre 60 e 80 km/h. As demais ruas e avenidas são todas vias coletoras ou locais e têm como característica muitos conflitos viários.

Feita a classificação devemos passar a levantar as condições de superfície ou de pavimento de cada via: sua idade, tipo de tráfego, base do pavimento, microdrenagem existente etc., condições de serventia – conforto e segurança, para poder depois diagnosticar a solução precisa para cada rua ou avenida. Se assim procedermos, iremos buscar a melhor solução técnica e economicamente viável. Isto é importante ser feito para garantir a boa gestão dos recursos públicos.

Além disso, é necessário considerar as particularidades dos pavimentos das vias urbanas. Nos pontos de paradas de ônibus, manter um pavimento asfáltico, não é correto. O aparecimento de deformações permanentes e buracos será muito rápido. Nesses casos é melhor mudar o material para concreto de cimento.

Para reduzir os acidentes e preservar o que há de mais importante – a vida dos usuários do sistema viário (motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres), além de perdas materiais, é fundamental pensar na implantação de um Centro de Análise e Controle de Acidentes – CACA. Pesquisas indicam que o número de acidentes de trânsito em nossas vias aumenta com a precipitação pluviométrica média mensal e com o número de dias chuvosos em cada mês. Podemos determinar os pontos mais críticos das vias em termos de acidentes, o que geralmente ocorre em alguns cruzamentos e entroncamentos. Mesmo em dias secos é comum ocorrerem acidentes em semáforos e cruzamentos. Melhorando-se as condições das superfícies e da sinalização, a partir de intervenções nos pontos críticos, é possível aumentar a atenção dos motoristas e a possibilidade de frenagem.

A interação motorista – veículo – passageiro – via – meio ambiente, no dia-a-dia, é muito grande. É necessário buscarmos as melhores condições de conforto, segurança e economia de operação para toda a comunidade, inclusive turistas que nos visitam. Somente assim, conseguiremos, em relação ao sistema viário, uma efetiva melhoria da qualidade de vida. Estimam que os desperdícios anuais assumidos pelos usuários, em função da falta de conservação adequada das vias – excesso de buracos e outros defeitos, estão acima dos 100 milhões de reais.

A melhoria da segurança urbana deve ser encarada sob todos os aspectos, principalmente nos dias atuais, aonde se verifica que as cidades impõem um elevado “stress” aos usuários do sistema viário, em geral saturado. Este problema se agrava dia após dia com o crescimento da população urbana, desorganização urbana, falta de planejamento e o aumento do número de veículos circulantes nas ruas e avenidas de Maceió.

Portanto, as soluções exigem uma sequência de governos, que trabalhem seguindo um planejamento e sequência de prioridades concebidos com profissionalismo e competência, levando em conta, simultaneamente, os 3 ativos: físico, orçamentário-financeiro e humano.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor da UFAL, Mestre em Administração e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

Nenhum comentário: