quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Via Expressa


A Via Expressa de Maceió, hoje batizada com o nome de avenida Menino Marcelo, foi concebida originalmente em 1978 para escoar a produção agrícola do interior de Alagoas até o Porto no bairro de Jaraguá. A extensão prevista era de 17,9 quilômetros, duas faixas com uma largura final de 7,20 metros de pista de rolamento e 3 metros de acostamento para cada lado. A ideia era ligar o transporte rodoviário ao portuário e garantir fluidez.

A obra foi executada numa parceria entre a União e o Estado de Alagoas – obra delegada. A fiscalização direta foi do Estado, através do DER-AL, enquanto a supervisão coube ao antigo DNER, hoje DNIT.

Tecnicamente, desde a implantação do primeiro trecho da rodovia – cerca de 15 quilômetros, em 1981, até o presente, nunca teve características de uma Via Expressa. Ou seja, na realidade, a Via Expressa não saiu do papel. O segundo trecho que compreendia, além das pistas de rolamento mais cinco viadutos, nunca foi implantado.

A ideia inicial do projeto era a de que não haveria semáforos nem lombadas. O fluxo de veículos leves e pesados seria contínuo, sem interferências laterais de tráfego e de pedestres. Isto significa que a Via Expressa deveria ser a via mais rápida e segura de Maceió.

Deveria, mas não é! Hoje, aquela via está cheia de interferências laterais, saturada, registrando longos engarrafamentos, os acostamentos foram transformados em pista de rolamento e em muitos locais não há acostamento. Bicicletas e motos disputam a vez com veículos de todo tipo. Muita gente já foi atropelada e/ou morta. A situação se agravará ainda mais, quando forem concluídas várias das obras imobiliárias em andamento.

Chegou a essa situação, porque não houve fiscalização para preservação do patrimônio público. Quando da construção foi desapropriada e indenizada uma faixa de domínio de 80 metros, ou seja, 40 metros para cada lado e colocadas cercas de concreto com arame farpado para garantir futuros melhoramentos, como a duplicação da via, construção de vias locais e de ciclovias. Áreas que passaram a ser do Estado a partir das indenizações realizadas entre 1978 e 1980 foram invadidas ao longo desses anos por particulares e surgiram construções, algumas a menos de dois metros do asfalto, o que dificulta melhorias.

Apesar de ser agora mais difícil, se o Estado ou União desejar, poderá indenizar novamente as áreas que já lhes pertenciam, ou brigar na Justiça, para que seja reconhecido o direito de utilizá-las.

A verdade é que algo precisa ser feito e já, porque se caminha para um caos total naquela avenida.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Consultor e Palestrante
www.twitter.com/edinaldomarques

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