segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Promessas e realizações


Uma das maiores dificuldades dos candidatos a governador e presidente que vencerem as eleições de outubro será transformar ideias e propostas em realidade. Na fase atual do processo eleitoral os postulantes tentarão demonstrar no rádio, na televisão e nos comícios, vontade em promover mudanças, para que melhorem os índices na educação, saúde, segurança, emprego, renda, transportes... É isto o que a população deseja.

Mas, como transformar promessas em ações concretas? O que é mais difícil: planejar ou executar aquilo que foi traçado? Basta apenas ter vontade política para melhorar a qualidade de vida da população?

Já vimos vários exemplos de dirigentes que são eleitos, prometeram muita coisa e, depois não conseguiram transformar em realização.

Para os futuros governadores e o presidente transformarem aquilo que for prometido em realidade alguns pontos são essenciais. Primeiro, é preciso que tenham em mente, de forma clara, os objetivos a serem alcançados. Segundo, a equipe de trabalho precisa estar engajada e comprometida com as metas traçadas. É exatamente nesse ponto que a coisa complica. Em face dos compromissos políticos assumidos para ganhar a eleição, muitas vezes, o ocupante do cargo é levado a nomear pessoas, simplesmente, porque fazem parte da coligação, do partido político que deu sustentação, ou, até mesmo, por amizade. Se tiver curso superior, então, a indicação, segundo alguns afirmam, já atende ao critério da competência. Mas que competência? Na verdade as pessoas que são indicadas, mesmo tendo curso superior, nem sempre têm habilidades gerenciais, como liderança, capacidade de comunicação, visão empreendedora, sistêmica e holística, capacidade de criar ambientes motivadores.

O que queremos dizer é o seguinte: não basta ser engenheiro, médico, jornalista, advogado, professor ou qualquer outra coisa. Para ser um bom gestor e realizador é preciso possuir aptidões complementares, como foco, saber trabalhar em equipe, ouvir as pessoas, ter transparência, autocontrole, eficácia pessoal e interpessoal.

Um dos graves problemas do país não é a falta de dinheiro para investimento, mas sim, a falta de gestões éticas, eficazes e eficientes. Ser eficaz é fazer as coisas que precisam ser feitas, para que os resultados sejam positivos. Ser eficiente é fazer as coisas certas. E para ter eficácia é necessário, entre outras coisas, gerenciar bem o tempo. Caso contrário, ao final de quatro anos, veem as colocações: “o tempo foi curto para realizar tudo aquilo que planejamos, não houve recursos suficientes para fazermos tudo que planejamos”. E será que o tempo foi realmente curto ou faltou uma melhor gestão?

Os especialistas que conhecem bem os problemas brasileiros no serviço público dizem que a dificuldade maior não é a falta de recursos, mas a falta de competência administrativa para transformar planejamento em algo atingível. Quando focamos o poder e nos esquecemos das necessidades do povo, os resultados são apenas parciais. O contrário, sim, promove as condições para pleitear a continuação no poder.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro civil, Professor da UFAL e Consultor

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