terça-feira, 3 de agosto de 2010

Revolução na educação


Existe apenas uma única maneira de darmos um salto de qualidade para formarmos uma nova geração de pessoas conscientes de suas responsabilidades, cidadãos e cidadãs, com conhecimentos de geografia, matemática, filosofia, história, sabendo usar computadores, lendo e escrevendo o bom português, falando idiomas estrangeiros, conversando sobre literatura, capacidade empreendedora, líderes de si mesmas e emocionalmente educadas: através de uma revolução na Educação. Isto é possível? Como?

Para que o trabalho seja bem desempenhado, é preciso, primeiro, que haja eficácia nos três aspectos administrativos voltados à Educação: físico – infraestrutura e equipamentos; orçamentário-financeiro; e, principalmente, eficácia na gestão de pessoal. Segundo, as ações devem ser executadas com eficiência.

Podemos garantir que recursos financeiros não faltam nos governos federal, estaduais e municipais para serem investidos em Educação. O que precisa mesmo existir são gestões sérias, com planejamento a curto, médio e longo prazos, execução eficiente de projetos, pessoas motivadas, trabalho em equipe, relações interpessoais saudáveis e avaliação objetiva dos resultados alcançados. Do mesmo modo que em áreas da medicina existem os exames de alta complexidade, na gestão pública também há pastas que são mais complexas. A Educação é uma delas. Neste caso, a presença do profissional certo no lugar certo promoverá os resultados tão desejados pela população.

Não basta apenas o caráter do gestor, sua integridade é fundamental. Mas, além disso, outros aspectos deveriam ser considerados como a capacidade de gestão. É evidente que cada Secretaria de Educação tem as suas limitações orçamentárias e financeiras. Mas, se o gestor principal comandar exercendo corretamente a liderança e a gestão, por piores que sejam as dificuldades, as soluções ocorrerão e num prazo de tempo mínimo. Ao contrário, se o gestor se limitar a simplesmente chefiar, vamos amargar resultados insuficientes. E ficamos sem saber o porquê de não funcionar a contento.

Isto não é fácil de fazer na política. A escolha correta do gestor exige verificação de conhecimentos e práticas de planejamento, organização, direção, controle e, fundamentalmente, de gestão de pessoas. Há uma idéia no Brasil que qualquer um pode administrar. Não é assim. Quando uma pessoa é indicada para um cargo, muitas vezes é por amizade ou ligação política. Dependendo da complexidade do cargo, dificilmente conseguirá grandes resultados, se a pessoa escolhida não for um profissional em gestão. O fato de ser formado(a), ter curso superior, mestrado ou doutorado em alguma área, pode até ajudar. Mas, o principal mesmo, são as habilidades inerentes ao administrador.

Outros dois ativos do processo educacional precisam ser eficazmente focados: o físico e o humano. Uma revolução na Educação não será feita sem todos os equipamentos necessários, laboratórios, computadores, televisões, DVDs, antenas parabólicas, quadras esportivas, bibliotecas e, em alguns casos, salas de projeção com projetores multimídia. É preciso dar condições de trabalho aos profissionais da Educação.

Do mesmo modo, os professores e demais servidores da Educação, devem ser constantemente atualizados, inseridos num programa de educação continuada, avaliados e terem um plano de cargo e salários compatível com a importância da função que exercem.

Todos os países, estados ou cidades, que têm economia potente e moderna, priorizaram a Educação da população. A distribuição de riquezas passa a ser mais equânime, melhoram as condições de segurança, meio-ambiente, criam-se melhores condições de convivência urbana.

As metas que deveriam ser perseguidas obstinadamente são: nenhuma criança entre três e onze anos fora da escola; as crianças e adolescentes somente sairão da escola depois de concluírem o ensino médio.

Isto é um sonho? Sim. E nós sempre seremos do tamanho dos nossos sonhos. Portanto, sonhar grande é uma decisão sábia. Será difícil atingir as metas? Não. Apenas aquilo que não criamos propósito mental, que não nos comprometemos como uma missão, poderemos tornar inatingível.

Com isso, disporemos de um celeiro de cientistas, escritores, filósofos, intelectuais, advogados, doutores, economistas, administradores, jornalistas, engenheiros, professores e uma gama de técnicos em várias áreas, com visão moderna e capacidade de criarem seus próprios empregos.

Essa decisão depende da presença de líderes visionários à frente dos governos, que tenham real compromisso com o futuro de suas populações.

Enquanto permanecermos na discussão de cotas, bolsas e meia-entrada em nossa sociedade não chegaremos a lugar algum. Não podemos aceitar que migalhas se perpetuem. São até necessárias, mas não poderão ser eternas. Temos que reagir e encontrar caminhos sustentáveis.

A melhor forma de promover a justiça social é trabalhar para termos uma Educação de qualidade. Enquanto vivermos, vamos lutar por esse sonho.

EDINALDO MARQUES
Professor da Ufal, Engenheiro Civil, Mestre em Administração, Palestrante, Consultor e Membro da Academia Maceioense de Letras

Nenhum comentário: