segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Insegurança rodoviária


A cada feriado ou final de semana a imprensa destaca novos índices de mortes no trânsito de todo o País. Sem dúvida, um dos componentes que mais contribui para isso é o fator humano. São erros cometidos pelos condutores, que dirigem seus veículos de modo arriscado, ingerem bebidas alcoólicas, ou adotam velocidades incompatíveis com as características das rodovias. Também, as condições de superfície e de traçado de muitas rodovias brasileiras não ajudam.

Alguém já parou para pensar o quanto o País tem de prejuízo com esses acidentes? Sem falar no valor das vidas, que é incalculável, os gastos diretos e indiretos decorrentes desses acidentes são muito elevados. E o que fazer?

Primeiro, os motoristas precisam se conscientizar dos perigos que representam dirigir em altas velocidades efetuando ultrapassagens em locais sem boa visibilidade. Muitas das estradas brasileiras foram projetadas e construídas com excessivo número de curvas, algumas horizontais, outras verticais, e ainda existem aquelas que, ao mesmo tempo, são verticais e horizontais.

Os veículos atuais estão mais potentes. É preciso que o condutor conheça bem os limites de seu automóvel. Além disso, algumas estradas estão muito esburacadas com um baixo índice de serventia.

O Brasil precisa inserir nos currículos das escolas, já nos primeiros anos de educação básica, educação para o trânsito e educação emocional. As crianças de hoje, que serão os adultos no amanhã, têm que aprender como ter autocontrole. Enquanto isso não for levado a sério, sinceramente, não vislumbramos uma solução para reduzir o elevado índice de mortes nas estradas.

Outro ponto importante é que o governo brasileiro precisa ser mais exigente em relação aos itens de segurança existentes já nos modelos básicos dos veículos. Se na Europa e nos Estados Unidos isto é uma realidade, por aqui, somente a partir de 2014, os veículos serão comercializados com air bag de série.

Por outro lado, há ainda o fator geometria das vias a considerar. É possível fazer estradas mais seguras, desde que o DNIT e os Departamentos de Estradas de Rodagem criem programas de eliminação de pontos negros. Aquelas rodovias que apresentam mais acidentes em determinados pontos, precisam passar por uma mudança no traçado. Afinal, se considerarmos os recursos disponíveis na CIDE (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico) – imposto embutido no custo dos combustíveis desde a sua criação (2003) até os dias atuais chegaremos a conclusão que a questão não é financeira, mas de decisão política.

Sabemos que eliminar totalmente os acidentes é praticamente impossível. Porém, poderemos reduzir e muito os índices. Agora, isto somente será conseguido, quando fizermos as coisas certas no tempo certo.

Edinaldo Marques
Engº Civil, Professor e Consultor
Representante da Associação Brasileira de Pavimentação
www.twitter.com/edinaldomarques

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