segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Buraqueira


Os buracos aumentam de modo exponencial nas ruas das cidades brasileiras. Ainda há aqueles que afirmam ser as chuvas a causa de tanta buraqueira. Isto não é verdade! Aliás, a chuva é, tão somente, um fenômeno da natureza. As crateras somente aparecem, durante ou após o período invernoso, em consequência da repetição das cargas provenientes dos veículos e, principalmente, devido a falhas na execução dos pavimentos urbanos. Outro fator que também contribui é a falta de uma conservação eficaz do pavimento, que deveria ser feita preventivamente, antes do período de chuvas, portanto, durante o verão.

Como não são realizados os serviços de conservação na época correta, quando as chuvas chegam, os pavimentos que deveriam estar preparados, se apresentam com fissuras, trincas e outras patologias, o que provoca o agravamento do problema. Buracos se formam, e com eles, os custos de conservação passam a ser bem maiores, ou seja, o volume de dinheiro a ser gasto pelo poder público para restaurar as condições de conforto, segurança e economia dos pavimentos, são mais elevados.

Esta é uma falha de gestão, mais especificamente de prioridade. Se é mais econômico executar conservação preventiva – preparar o pavimento para as chuvas, do que a corretiva – tapar buraco ou restaurar depois que o problema se agrava, por que não é feito?

Situação semelhante ocorre com as pessoas. Se alguém tem um problema de saúde e não dá atenção necessária, não procura logo um médico para a cura, deixa o problema se agravar, depois de algum tempo a solução tende a ficar mais difícil e onerosa, além de correr o risco de já ser tarde demais.

Somente com mudança de mentalidade será possível reduzir os prejuízos, tanto do poder público como dos usuários das vias pavimentadas.

Uma saída técnica e economicamente correta seria a implantação de um sistema de gerenciamento de vias urbanas, que prevê onde, quando e como aplicar, preventivamente, os recursos que garantirão pavimentações mais duráveis e de menor custo. Além de ser, politicamente positivo, para quem governa.

O que não pode é afirmar que “a culpa do aparecimento de buracos é da chuva”. Esta afirmativa, tecnicamente, não é verdadeira.

EDINALDO MARQUES
Engenheiro Civil, Professor e Consultor
www.twitter.com/edinaldomarques

Nenhum comentário: