quarta-feira, 15 de julho de 2009

Brasil: o país dos escândalos

O Brasil alterna entre a 8ª e a 10ª posição no ranking econômico mundial. Mas, apesar disso, continua a apresentar dados “escandalosos”: 11% das crianças não sabem ler mesmo depois de entrarem na idade escolar, 50% da renda está nas mãos de apenas 1% da população, 50 milhões de pessoas somente conseguem comer graças à bolsa família, crianças abandonadas, analfabetismo, fome, fila nos hospitais, prostituição infantil, crescente uso de drogas, insegurança e uma série de outros “escândalos sociais”.
Como então imaginar que um país economicamente equilibrado possa ter tantos “escândalos”, alguns “visíveis”, outros “invisíveis”, alguns “previsíveis” e um “comemorado”?
Este foi o tema do discurso do senador Cristóvam Buarque, dia 13 de julho de 2009 no senado federal. Aliás, parabenizo o senador por ter trazido o assunto ao plenário do senado e para reflexão nacional.
O senador Cristóvam fez vários comentários todos pertinentes. Referiu-se ao fato da mídia brasileira publicar como “escândalo” o uso de passagens aéreas, a verba indenizatória no senado, os atos secretos, o mau uso dos recursos da Petrobrás. Porém, de acordo com o senador, não considera com a mesma ênfase “escândalos invisíveis”, como a “corrupção nas prioridades do governo federal”. Esta corrupção nas prioridades das políticas públicas acontece a cada ano. Funciona como se acelerar para o abismo fosse positivo para o futuro da população.
Algumas notícias são levadas ao ar pela mídia em geral, classificadas como “escândalos”. Porém outras, de igual ou pior gravidade, são veiculadas na forma unicamente de notícia. Sabe-se que a imprensa representa hoje o 4º poder e tem um papel fundamental no processo de mudança tão necessário.
Segundo o senador Cristóvam, ainda há uma “previsibilidade escandalosa” de que o próximo congresso nacional será eleito e constituído por aqueles hoje envolvidos em muitos escândalos. O eleitor não consegue ser capaz de perceber a relação entre o escândalo invisível em que ele é a vítima e os demais escândalos visíveis. Isto é consequência da falta de visão política da população e também da monumental crise de valores humanos que assola o país.
Por fim, disse o senador, que existe um “escândalo comemorado”, que é a escolha do Brasil para sediar a copa do mundo de 2014. Que ações realmente prioritárias serão colocadas em prática pelo governo para cumprir com o que determina a FIFA? Não existiria outra prioridade maior para o país levando em conta as atuais condições sociais? E se todo o dinheiro que será canalizado para a copa de 2014 fosse revertido em educação, não seria mais prioritário?
Há um enorme fosso político entre as prioridades realmente prioritárias e a decisão do governo.

EDINALDO MARQUES
Professor, Consultor e Palestrante

Nenhum comentário: